“FPE não deve ter lado”, afirma candidato à presidência do grupo
Candidato do PSD evitar polarizar discurso e nega motivação ideológica em pedido de impugnação
O deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), autor de um dos ofícios que resultaram na impugnação das eleições para a presidência da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) da Câmara, nega que sua motivação tenha relação com a preocupação sobre o avanço do segmento governista no colegiado.
Apesar de negar envolvimento na polêmica, que marca a rivalidade entre deputados ligados ao governo e deputados bolsonaristas, Nascimento admite que “algumas pessoas” dentro do grupo evangélico da Câmara tendem a adotar “essa visão”. “Eu não serei esse candidato”, alfinetou.
Questionado por O Antagonista sobre a suposta divisão política dentro do colegiado, o deputado paulista respondeu: “A FPE não é uma frente que tem que se politizar. A Frente não é para isso. É uma frente que tem compromisso com pautas que acabam indo no sentido contrário das nossas convicções. A Frente não tem que ter lado. Algumas pessoas podem até ter essa visão [dentro do colegiado]. Eu não tenho”.
Bastidores
Nos bastidores, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Eli Borges (PL-TO), que já presidiram o grupo, são apontados como articuladores em favor de Nascimento, contra a ascensão de Otoni de Paula (MDB-RJ). Sóstenes é ligado ao pastor e líder bolsonarista, Silas Malafaia, enquanto Borges é pastor na igreja Assembleia de Deus Madureira, comandada pelo bispo Manoel Ferreira, ambas as denominações apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022.
Impugnação
Sobre os questionamentos que motivaram o adiamento das eleições, o parlamentar paulista afirma que levou ao presidente atual do colegiado, Silas Câmara (Republicanos-AM), dúvidas sobre o local de votação, os horários de início e término, além do sistema usado para registrar os votos. Em relação à antecipação da votação para esta quarta-feira, 11, cogitada inicialmente por Câmara, a deputada Greyce Elias (Avante-MG) foi apontada como autora do questionamento.
Além de Otoni de Paula (MDB-RJ), Gilberto Nascimento (PSD-SP) e Greyce Elias (Avante-MG) disputa a presidência da Frente, o deputado Gilvan Máximo (Republicanos-DF).
No ventilador
Fotografado ao lado do presidente Lula, em oração, no mês de outubro, o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) se diz alvo da ação de um “grupo minoritário” que tenta rotulá-lo como governista, de modo a diminuir suas chances na disputada. A Frente Parlamentar Evangélica (FPE) é formada, em grande parte, por deputados do PL e da ala bolsonarista na Câmara.
“A FPE não está rachada. O que existe é um grupo minoritário, que quer convencer os demais de que agora eu virei petista, porque orei pelo presidente da República e reconheci que as políticas sociais do governo alcançam nosso povo. Continuo sendo um político conservador de direita, mas aprendi que política se faz com diálogo”, afirmou.
Puxadinho de Bolsonaro
Segundo Otoni, o grupo que pressiona para que ele não tenha êxito na disputa pretende fazer da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) um “puxadinho do Bolsonarismo”.
“Querem fazer da FPE um puxadinho do bolsonarismo. A FPE é maior que a polarização. Ela não tem que atender a interesses nem de Lula ou de Bolsonaro”.
Impasse
Como mostramos, o pano de fundo para esse impasse é a disputa de espaço entre deputados abertos ao diálogo com governo Lula e deputados da base bolsonarista.
O clima mudou nos bastidores desde que o presidente Silas Câmara (Republicanos-AM) começou a aparecer em fotos ao lado de integrantes do Planalto e a convidar o chefe da Advocacia-Geral da União,Jorge Messias, para eventos que antes eram território exclusivo dos aliados do ex-presidente Bolsonaro.
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