Fluxo de venezuelanos para o Brasil passa para 600 por dia
Nas semanas que sucederam a eleição o número de 300 imigrantes que chegavam diariamente ao Brasil saltou para 600. O ápice foi registrado em 26 de agosto: dia em que mais de 740 cruzaram a fronteira
O fluxo de venezuelanos para o Brasil voltou a crescer após a fraude eleitoral do ditador Nicolás Maduro, que se negou a deixar o poder após a vitória do opositor Edmundo Gonzalez Utirra, atualmente asilado na Espanha após ameaça de prisão por parte do regime.
Nas semanas que sucederam a eleição o número de 300 imigrantes que chegavam diariamente ao Brasil saltou para 600. O ápice foi registrado em 26 de agosto: dia em que mais de 740 cruzaram a fronteira.
As filas que se formam na pequena cidade de Pacaraima, em Roraima, estão cada vez maiores. Quem chega descreve invariavelmente uma relação direta entre a permanência do ditador no poder e a decisão de emigrar.
O aumento do fluxo fez com que os processos de emissão de documentos para os imigrantes, como CPF e carteirinhas do SUS e de vacinação, passasse da média de um dia para ao menos cinco dias.
A demanda escalou, e em alguns momentos faltaram as vacinas contra febre amarela, tríplice viral, hepatite B e Covid, além da dupla adulto (difteria e tétano), que são obrigatórias.
Antevendo um aumento no fluxo, a Operação Acolhida, força-tarefa do governo brasileiro e da ONU que desde 2018 cuida dos abrigos públicos que recebem esses migrantes, está reativando o abrigo 13 de Setembro, antes fechado, e ampliando sua capacidade de 200 para 500 vagas, relatam militares à reportagem em Boa Vista.
Hoje, a operação acolhe 6.200 imigrantes em seis de seus abrigos, sendo dois deles destinados a indígenas. A capacidade é de 8.000.
A intensificação do fluxo ocorre em um momento em que o governo brasileiro enfrenta desafios em sua política de interiorização das famílias venezuelanas. A ideia do programa era levá-las para outros estados do país, muitas vezes com vagas de trabalho já acertadas por meio de parcerias com empresas.
Mas os principais estados de destino da interiorização eram os do Sul brasileiro, justamente os afetados pelas enchentes que em abril provocaram uma enorme tragédia humana e ambiental. Imigrantes que lá residiam foram afetados, e a interiorização também desacelerou.
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