Filha de Fernandinho Beira-Mar é eleita vereadora
Fernanda Costa, filha de um dos maiores traficantes do país, foi eleita apesar de condenação por envolvimento com o crime organizado
Fernanda Costa, filha do traficante Fernandinho Beira-Mar, foi eleita vereadora em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Com 7.355 votos, ela foi a décima candidata mais votada no município, garantindo sua eleição pelo MDB.
A nova vereadora, porém, carrega uma pesada bagagem familiar e jurídica, pois foi condenada a quatro anos e dez meses de prisão em regime semiaberto por envolvimento em uma organização criminosa.
A condenação de Fernanda ocorreu no âmbito da “Operação Epístolas”, deflagrada em abril do ano passado. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), ela teria ajudado a transmitir mensagens codificadas de seu pai, Fernandinho Beira-Mar, para membros do Comando Vermelho, facção criminosa que ele lidera.
As mensagens eram enviadas através de cartas escritas em linguagem cifrada, dificultando a identificação pelas autoridades. “Os recados eram feitos com linguagem codificada para dificultar a identificação policial”, afirma o MPF.
Fernanda nega as acusações, mas foi condenada pela Justiça com base nas provas apresentadas pelo Ministério Público. Atualmente, ela responde em liberdade enquanto recorre da sentença. Seu pai, Fernandinho Beira-Mar, um dos criminosos mais notórios do Brasil, cumpre pena em uma penitenciária federal no Paraná, onde está desde sua transferência em março deste ano.
Fernanda foi eleita pela primeira vez em 2021 como suplente, após o então vereador Sandro Lélis assumir um cargo na prefeitura. Agora, com a vitória nas urnas, ela terá um mandato completo, mesmo sob o peso das acusações e da condenação que carrega. Sua vitória evidencia a conexão entre poder político e criminalidade em áreas vulneráveis da Baixada Fluminense.
Quem é Fernandinho Beira-Mar
Luiz Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, é um dos criminosos mais notórios do Brasil, condenado a mais de 300 anos de prisão por crimes como tráfico de drogas, homicídios e organização criminosa. Nascido em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, em 1967, Beira-Mar cresceu na favela que deu origem ao seu apelido e iniciou sua trajetória criminal na juventude.
Ele foi preso pela primeira vez aos 20 anos, após um roubo. Sua habilidade em traficar armas e drogas rapidamente alçou Luiz Fernando ao topo do tráfico no Rio de Janeiro. A partir daí, consolidou-se como um dos principais líderes da facção criminosa Comando Vermelho. Nos anos 1990, após cercos da polícia, ele se refugiou no Paraguai, onde aprofundou suas conexões no tráfico internacional. Nesse período, também fez alianças com as FARC, na Colômbia, fortalecendo sua rede de contrabando.
A prisão mais emblemática de Fernandinho ocorreu em 2001, na Colômbia, quando foi capturado pelo exército local e extraditado para o Brasil. No entanto, nem mesmo sua prisão conteve sua influência no crime organizado. Em 2002, durante uma rebelião no presídio de Bangu I, no Rio de Janeiro, ele executou o rival Ernaldo Pinto Medeiros, o Uê, líder da facção Amigo dos Amigos (ADA), em um episódio que consolidou seu controle sobre o tráfico de drogas.
Desde então, Beira-Mar foi transferido várias vezes entre presídios federais de segurança máxima, mas continuou a operar de dentro das penitenciárias. Em 2010, cartas atribuídas a ele, interceptadas durante a ocupação do Complexo do Alemão, revelaram sua tentativa de orquestrar alianças entre facções e milícias no Rio de Janeiro.
Além de sua atuação criminosa, Beira-Mar surpreendeu ao concluir uma graduação em Teologia em 2019, na qual criticou o capitalismo em seu trabalho de conclusão de curso. Apesar dessa faceta “espiritual”, ele continua envolvido em novos processos criminais, sendo condenado recentemente, em 2023, por envolvimento em esquemas revelados pela “Operação Epístolas”, que também levou à condenação de sua filha, Fernanda Costa, eleita vereadora de Duque de Caxias.
Fernandinho Beira-Mar permanece uma figura central no crime organizado, mesmo após décadas de encarceramento, com sua influência se estendendo além das grades.
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