Exclusivo: Receita diz que empréstimo de Bumlai pode ter pago chantagista de Lula
No despacho em que determina a prisão de José Carlos Bumlai, o juiz Sérgio Moro informa que a Receita Federal colheu indícios de que parte dos valores do empréstimo do Banco Schahin ao pecuarista "pode mesmo ter sido direcionada a Ronan Maria Pinto para aquisição de ações da empresa Diário do Grande ABC"...
No despacho em que determina a prisão de José Carlos Bumlai, o juiz Sérgio Moro informa que a Receita Federal colheu indícios de que parte dos valores do empréstimo do Banco Schahin ao pecuarista “pode mesmo ter sido direcionada a Ronan Maria Pinto para aquisição de ações da empresa Diário do Grande ABC”.
Em 2012, o publicitário Marcos Valério disse em depoimento que Ronan Maria Pinto estava chantageando Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho. Para não revelar detalhes da morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, Ronan pedia a quantia de R$ 6 milhões. Segundo Valério, esse foi o real motivo para o PT recorrer ao Banco Schahin com ajuda de Bumlai. O dinheiro, segundo Valério, foi usado para comprar o jornal do ABC.
Relatório da Receita Federal sobre a quebra do sigilo fiscal da empresa Expresso Nova Santo André, de Ronan, anexado aos autos da Operação Passe Livre, mostra a existência “de lançamento de R$ 6.000.000,00” no campo passivo exigível a longo prazo, “o que confirma que a referida empresa teria recebido um empréstimo neste valor no referido ano”.
A análise financeira descobriu ainda que Ronan Maria Pinto teria adquirido, em 2004, 60% das ações do Diário do Grande ABC no valor de R$ 6,8 milhões. Para tanto, ele obteve empréstimos e assumiu dívidas de terceiros junto às empresas de que era sócio, a Rotedali Serviços e Limpeza Urbana Ltda, e a Expresso Nova Santo André. “Tais dívidas permanecem sem quitação durante nove anos, conforme dados constantes em suas declarações. No contexto, a suspeita levantada pela Receita é a de que esses empréstimos não teriam sido reais, mas apenas servido para dissimular a real origem de recursos utilizados na aquisição das ações”, diz o relatório, citado por Moro.
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