Ex-advogado de Daniel Dantas assume defesa de Almeida
O ex-ministro escolheu para sua representação na Justiça o criminalista Nélio Machado, que também advogou para o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, acusado de corrupção
O ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio de Almeida escolheu para sua representação na Justiça o criminalista Nélio Machado, que acumula em seu currículo o histórico de defesa de presos políticos durante o regime militar. A informação foi dada pela Folha de S.Paulo.
Machado já advogou para o banqueiro Daniel Dantas e também para o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, acusado de corrupção.
A equipe também é composta pela advogada Juliana Faleiros, ativista de Direitos Humanos e ex-aluna de Almeida. O político ainda não depôs à Polícia Federal. Desde a demissão, não fez declarações públicas sobre as acusações. Entre as possíveis vítimas estaria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Assédio moral
Almeida protagonizou escândalo de assédio sexual e moral que desgastou o governo Lula nos últimos dias.
Além dos depoimentos de mulheres que se dizem assediadas, um ex-assessor do ministério dos Direitos Humanos passou a denunciar episódios de assédio moral sofridos por iniciativa do ex-ministro.
O sociólogo Leonardo do Pinho é o autor das denúncias. Além dos fatos que teriam ocorrido durante a rotina de trabalho do ministério, Pinho diz ter recebido ameaça recente após denunciar o ex-ministro.
Leonardo Pinho afirmou em entrevista ao Portal Metrópoles que a relação com Almeida teve início ainda na transição de governo. Ele havia sido escolhido para chefiar a Diretoria de Promoção dos Direitos da População em Situação de Rua.
No ano passado, o tratamento dispensado a ele teria começado a mudar, incluindo gritos, xingamentos, batidas na mesa e batidas feitas pelo ministro no próprio peito enquanto falava com Pinho.
Em outubro, o sociólogo teria sido convocado ao gabinete do ministro, que exigiu que ele gravasse as reuniões com a equipe. O motivo da vigilância de Almeida sobre os servidores seria a recusa pela assinatura de documentos fora do rito normal.
Coação
O Antagonista revelou que servidores da pasta foram coagidos a assinar um manifesto em defesa do auxiliar palaciano. No manifesto, compartilhado em um grupo de WhatsApp de servidores chamado “Povo dos DH” foi feito o seguinte apelo em prol do ministro dos direitos humanos.
“Olá gente querida. Desculpe escrever essa hora. É que o racismo de indivíduos maliciosos e instituições midiáticas não nos deixam descansar justa e pacificamente. Imagino que alguns e algumas de vocês viram a matéria publicada, irresponsavelmente, pelo Uol, fazendo ilações a respeito do ministro Silvio que, nem de longe, correspondem a realidade”, escreveu um assessor cuja identidade vamos preservar.
Ele continuou pedindo assinaturas em apoio ao ministro. “Contra mentiras e ofensas a gente se organiza e restabelece a verdade. Se você se sentiu ofendido e também quer demonstrar solidariedade ao ministro Silvio Almeida, bora de assinatura”.
Segundo informações do Diário Oficial, dos 27 desligamentos ocorridos em 2024, 18 foram a pedido dos próprios servidores.
As saídas no primeiro semestre incluem a de duas diretoras, cinco coordenadoras-gerais e 16 coordenadores, indicando uma alta rotatividade de cargos de liderança. Entre os desligamentos, seis funcionários não completaram sequer seis meses na equipe, enquanto outros oito permaneceram menos de um ano. O cenário reflete um ambiente de instabilidade e insegurança, segundo fontes ligadas ao órgão.
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