Esquizofrenia sobre quatro rodas
O Estadão deu uma notícia esquizofrênica relacionada ao tal dia mundial sem carros. Na manchete, publicou que o número de paulistanos que usam carro diariamente caiu de 56% para 45% e que o tempo de deslocamento dos cidadãos caiu onze minutos na comparação com o ano passado. No entanto, quando o leitor vai à reportagem, depara com as seguintes informações...
O Estadão deu uma notícia esquizofrênica relacionada ao tal dia mundial sem carros. Na manchete, publicou que o número de paulistanos que usam carro diariamente caiu de 56% para 45% e que o tempo de deslocamento dos cidadãos caiu onze minutos na comparação com o ano passado. No entanto, quando o leitor vai àreportagem, depara com as seguintes informações:
“Os moradores de São Paulo gastam, em média, oito minutos a menos nos deslocamentos em comparação com o ano anterior, indicou o estudo. Somente entre os que usam o carro todos os dias, o tempo médio de locomoção diária é de 2h48 – uma queda de cinco minutos em relação aos números de 2014.
Por outro lado, os usuários do transporte público passaram a gastar dez minutos a mais nos deslocamentos. Quase a metade dos paulistanos (48%) gasta pelo menos duas horas por dia, considerando o total.”
Ou seja, a notícia verdadeira é: os paulistanos passaram a usar menos carros por causa do aumento do uso da gasolina e dos preços em geral. Com isso, as ruas ficaram mais livres para quem ainda usa veículos particulares e o transporte público, cuja qualidade já era péssima, ficou ainda pior, saturado pela quantidade de cidadãos que, agora, deixam os carros em casa.
No afã de tentar dar boas notícias, o jornalismo brasileiro fica mais e mais desmiolado.
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