Ernesto Araújo: o olavismo no Itamaraty
A política externa brasileira foi tocada neste ano por um trio olavista: o deputado Eduardo Bolsonaro, o assessor especial para relações internacionais Filipe Martins e o chanceler Ernesto Araújo. Em seu discurso durante a cerimônia de posse no Ministério das Relações Exteriores, Araújo disse que, depois de Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho “talvez seja o grande...
A política externa brasileira foi tocada neste ano por um trio olavista: o deputado Eduardo Bolsonaro, o assessor especial para relações internacionais Filipe Martins e o chanceler Ernesto Araújo.
Em seu discurso durante a cerimônia de posse no Ministério das Relações Exteriores, Araújo disse que, depois de Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho “talvez seja o grande responsável pela imensa transformação que o Brasil está vivendo”.
As transformações eram evidentes.
Nos primeiros meses à frente do Itamaraty, o chanceler conduziu a aproximação do Brasil aos Estados Unidos e Israel.
Defendeu atuação mais contundente na Venezuela e a isenção unilateral do visto para os americanos e canadenses.
Também fechou embaixadas inúteis abertas por Lula.
A passagem de Jair Bolsonaro por Washington, em março, foi marcada por uma peculiaridade: foi Eduardo e não Araújo que acompanhou o presidente brasileiro no encontro com Donald Trump.
A visita aos EUA foi bem sucedida, com o apoio do presidente americano à entrada do Brasil na OCDE e o aceno para que nos associemos à OTAN.
Controverso, o ministro deu declarações que animaram o bolsonarismo mais radical mas que deixaram a diplomacia espantada. Voltou a dizer, por exemplo, que o nazismo foi um movimento de esquerda.
Em meio à histeria sobre a Amazônia, negou a crise climática. Atacou o que ele chamou de “ambientalismo gilete no bolo”. E criticou a atuação do presidente francês Emmanuel Macron no G7.
Também lamentou a vitória da chapa formada por Alberto Fernández e Cristina Kirchner na Argentina (e quem não lamentou?), dizendo: “As forças do mal estão celebrando“.
Como bom olavista, Araújo se indispôs com os militares logo na largada.
As divergências começaram em janeiro, quando o chanceler assinou a declaração do Grupo de Lima em que os países do bloco se comprometeram a não ter canais de diálogo com o chavismo militar.
Ao assinar o documento, o chanceler não consultou os militares brasileiros, que haviam retomado no ano anterior um canal de conversa com os venezuelanos depois de longas negociações.
A disputa por poder na Apex também lhe causou dor de cabeça.
A agência, vinculada ao Itamaraty, tornou-se foco de intrigas entre olavetes e nomes vinculados aos militares. Em apenas três meses, o chanceler demitiu dois presidentes do órgão.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)