06.08.2020
ENTREVISTA: “Há um desejo de Bolsonaro de controlar as investigações”, diz Carlos Fernando
Em entrevista exclusiva a Claudio Dantas, o procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima reage à ofensiva de Augusto Aras para acabar com a Lava Jato e analisa as diferentes frentes de ataque ao ex-ministro Sergio Moro, que, segundo ele, "foi ingênuo" ao aceitar participar do governo de Jair Bolsonaro.
"Todo mundo sabia que Bolsonaro nunca teve compromisso com o combate à corrupção"...
Em entrevista exclusiva a Claudio Dantas, o procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima reage à ofensiva de Augusto Aras para acabar com a Lava Jato e analisa as diferentes frentes de ataque ao ex-ministro Sergio Moro, que, segundo ele, “foi ingênuo” ao aceitar participar do governo de Jair Bolsonaro.
“Todo mundo sabia que Bolsonaro nunca teve compromisso com o combate à corrupção”.
Lima chama Augusto Aras de leviano por lançar acusações contra procuradores, sem apresentar provas. Diz que PGR “é quem compra papel higiênico e define as férias dos procuradores, não tem que interferir em investigações”, e alerta para a estratégia de controle total do governo Bolsonaro.
“Há um desejo de Bolsonaro de controlar as investigações. Fala-se de uma nova agência de inteligência, de controlar a PF e você vê essa movimentação contra o MP, você tem que se preocupar com o que está acontecendo.” Lima ressalta que muitas delações fechadas pela PGR de Rodrigo Janot estão eivadas de problemas, mas Aras finge não ver.
Lima também rebate versões mentirosas, disseminadas por bolsonaristas, que o acusam de barrar investigações da CPI do Banestado para proteger sua ex-mulher, que trabalhava numa agência do banco em Foz do Iguaçu. “Nós fomos vítimas de uma campanha totalmente mentirosa que veio da CPI contra nós, porque estávamos mexendo com interesses muito poderosos. É a indústria da fake news.”
O procurador alerta para medidas recentes do Banco Central que podem facilitar crimes de lavagem, como ocorreu com as CC5. Como registramos, dias atrás o Conselho Monetário Nacional ampliou os limites obrigatórios para declaração, tanto de transações para o exterior (de US$ 10 mil para US$ 100 mil), como de investimento lá fora (de US$ 100 mil para US$ 1 milhão).
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