O papel dos indiciados em suposta tentativa de golpe de Estado
Polícia Federal pediu o indiciamento de 37 pessoas, entre as quais o ex-presidente Jair Bolsonaro e os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno
Como mostramos, a Polícia Federal entregou nesta quinta-feira, 21, o pedido de indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais 36 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Segundo a Polícia Federal, oficiais das Forças Armadas, assessores palacianos e ex-ministros de Estado, sob a coordenação de Jair Bolsonaro, participaram de reuniões em que se discutiram a possibilidade de se instituir um golpe de Estado.
Para a PF, o plano somente não foi concretizado porque não houve o aval dos então comandantes do Exército o general Marco Antônio Freire Gomes e da Aeronáutica o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior. O então comandante da Marinha Almir Garnier Santos, do outro lado, deu aval à trama golpista.
No material, a PF destrincha a organização criminosa em seis núcleos: o de desinformação e ataques ao sistema eleitoral; o responsável por incitar militares a aderir ao golpe de estado; o núcleo jurídico; o núcleo operacional de apoio a ações de caráter supostamente golpistas; o núcleo de inteligência paralela e o núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas.
Entenda o papel dos principais indiciados:
Jair Bolsonaro
Teria não somente dado aval para um suposto golpe de Estado como teria participado ativamente desse processo. A prova citada pela PF é a chamada “minuta do golpe”. Para a corporação, Bolsonaro “analisou e alterou uma minuta de decreto que, tudo indica, embasaria a consumação do golpe de Estado em andamento”.
Walter Braga Netto
Integrante do núcleo responsável por incitar militares a endossarem um plano supostamente golpista. Para a PF, Braga Netto pressionou integrantes das Forças Armadas a aderir ao plano gestado no Palácio do Planalto.
Augusto Heleno
Integrante de dois núcleos: militar e o de inteligência paralela. Segundo o que apurou este portal, ele, para a PF, ajudou a incitar integrantes das Forças Armadas como também atuou junto à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para obter relatórios e dados de adversários.
Valdemar Costa Neto
O presidente do PL foi incluído no núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral. Para a PF, ele utilizou-se da estrutura partidária para questionar as eleições e, assim, fomentar dúvidas sobre a legitimidade do processo eleitoral. Vale lembrar que, por conta dos questionamentos do PL, o partido foi multado em 22 milhões de reais.
Filipe Martins e Anderson Torres
Martins é integrante do chamado núcleo jurídico. Segundo a PF, ele ajudou a escrever a minuta do golpe para dar sustentação técnico/jurídico ao movimento e ainda levou o documento para análise de Jair Bolsonaro. Anderson Torres também é apontado como integrante desse núcleo, citado como alguém que teria ajudado a distribuir e a discutir o documento. As investigações sobre a tentativa de golpe de estado começaram, inclusive, com a descoberta da minuta do golpe na residência de Torres. Ainda segundo a PF, a minuta também foi discutida em reunião da qual participou Walter Braga Netto.
Tércio Arnaud Tomaz e Alexandre Ramagem
Conforme a PF, o ex-integrante do chamado ‘gabinete do ódio’ fazia parte do núcleo de inteligência paralela assim como o deputado federal Alexandre Ramagem. Para a corporação, os dois atuaram de forma conjunta para coletar informações sobre adversários e espalhar dados incorretos ou distorcidos, quer seja sobre o sistema eleitoral ou sobre a conduta ética de adversários do governo federal.
Almir Garnier Santos
Ex-comandante da Marinha, Almir está no núcleo militar, acusado de ter incitado integrantes das Forças Armadas a participar de um plano para se instituir um golpe de Estado no Brasil. Para a PF, ele “teria se utilizado da alta patente militar por eles detida para influenciar e incitar o apoio aos demais núcleos de atuação, por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas, para a consumação do golpe de Estado”.
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