Entenda a suspensão dos testes com a Coronavac
A suspensão dos testes com a Coronavac no Brasil, determinada ontem pela Anvisa e contestada hoje pelo Instituto Butantan, foi causada por um "evento adverso grave". Entenda abaixo o que diz cada órgão e quando a vacinação de voluntários poderá ser retomada...
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A suspensão dos testes com a Coronavac no Brasil, determinada ontem pela Anvisa e contestada hoje pelo Instituto Butantan, foi causada por um “evento adverso grave”. Entenda abaixo o que diz cada órgão e quando a vacinação de voluntários poderá ser retomada.
Interrupção
A Anvisa informou a interrupção dos testes com voluntários às 21h25 desta segunda-feira (9). A agência diz ter recebido às 18h a comunicação oficial do Butantan sobre a ocorrência de “evento adverso grave” e que às 20h47 comunicou o instituto sobre a decisão de interrupção.
A CBN informou que o evento foi a morte de um voluntário, que não tinha a Covid-19. Hoje, a TV Cultura informou que a causa da morte foi suicídio.
Ainda ontem, o Instituto Butantan disse que foi surpreendido pela decisão e que estaria à disposição da Anvisa para prestar todos os esclarecimentos sobre o caso.
Ao saber da suspensão, o laboratório chinês Sinovac, que desenvolveu a vacina, entrou em contato com o Butantan e foi informado que o evento não tinha relação com a Coronavac.
Bolsonaro
Pela manhã, Jair Bolsonaro comemorou a interrupção nas redes sociais. Ao responder um seguidor, que questionava o presidente se o governo federal compraria a Coronavac, postou:
“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha.”
O que diz o Butantan
Em entrevista hoje pela manhã, sem confirmar a ocorrência de morte, tampouco por suicídio, o presidente do Butantan, Dimas Covas, afirmou ser “impossível” que o evento adverso tivesse relação com a Coronavac.
Disse que a morte ocorreu 25 dias após o voluntário tomar a segunda dose da vacina ou mesmo do placebo.
O secretario de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, criticou a decisão da Anvisa. Disse que não houve “possibilidade de fazer uma análise conjunta e clara sobre os fatos”.
Dimas Covas disse que a Anvisa fomentou um descrédito gratuito e afirmou esperar que os testes com voluntários sejam retomados de “hoje para amanhã”, com autorização da agência.
O que diz a Anvisa
Em entrevista à imprensa, à tarde, a Anvisa afirmou que não recebeu do Butantan um relatório detalhado sobre a causa da morte do voluntário e que foi informada, ontem, apenas da ocorrência de “evento adverso grave não esperado”.
“É a minha obrigação suspender, porque não tenho dados para tratar essa informação […] A decisão da Anvisa segue um protocolo. Diante da dúvida sobre um estudo clínico, a gente suspende. Diante da informação que recebemos, tomamos a decisão que está prevista”, disse a diretora Alessandra Bastos.
O gerente de medicamentos, Gustavo Mendes, disse que a retomada dos testes depende de liberação de um comitê internacional independente, formado por cientistas sem ligação com a Anvisa, o Butantan e a Sinovac.
Cabe a esse comitê atestar, com base em informações enviadas pelo Butantan, que a Coronavac não foi a causa da morte do voluntário. Só assim a Anvisa pode autorizar a retomada dos testes.
“Só quem pode dizer isso é o comitê internacional independente do qual a Anvisa não faz parte. Tivemos na AstraZeneca 6 dias. Em relação ao protocolo da Janssen, um pouco mais que isso. Não há uma amarração a data, a amarração à elucidação do caso”, disse o presidente da agência, Antônio Barra Torres.
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