Enchentes revelam sítio arqueológico na região central do RS
Enchentes no Rio Grande do Sul revelaram um sítio arqueológico com artefatos de povos pré-coloniais nas margens do Rio Jacuí.
Moradores e agricultores da região de Dona Francisca, interior do município às margens do Rio Jacuí, descobriram itens arqueológicos em maio deste ano. O fenômeno ocorreu devido à cheia do rio, que extravasou e inundou a área. Esses achados foram rapidamente identificados por arqueólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 12 de junho, que confirmaram a presença de artefatos pré-coloniais.
Segundo o professor e arqueólogo João Heitor Silva Macedo, diversos itens encontrados tinham funções variadas, como urna funerária. “A cerâmica é um instrumento que, desde os períodos em que os grupos começaram a confeccioná-la, tem várias utilidades. Ela serve para a cocção, transporte e armazenamento de alimentos, além de rituais,” explica o professor.
Sítio Arqueológico Pré-colonial em Dona Francisca
O povo Guarani, dominante no estado há cerca de cinco mil anos, migrando da Amazônia, é um dos destaques marcados pelos achados. Esse impacto pode auxiliar os pesquisadores a identificar novas formas de organização, ocupação e relação cultural que existiam na região.
Macedo afirma que os achados têm grande importância: “Podemos revelar muito mais sobre a história do Rio Grande do Sul antes do período da colonização europeia. Isso mostra a diversidade cultural dos grupos originários do estado.”
A quantidade exata de itens encontrados ainda está sendo determinada, mas o acervo revela centenas de artefatos. Espera-se que esse número aumente à medida que novos itens forem descobertos. A área do sítio arqueológico também não está completamente mapeada, pois moradores locais continuam oferecendo novas pistas, indicando um possível aumento no território a ser explorado.
Por Que as Enchentes Facilitaram e Complicaram as Descobertas?
O local onde as peças foram encontradas é de difícil acesso, necessitando de uma caminhonete por causa do impacto da cheia. Apesar de a água ter revelado os itens, ela também os destruiu em muitos casos, impossibilitando a recuperação. Macedo enfatiza: “Quando uma chuva dessas chega, ela revela sítios que estavam submersos, mas a quantidade de chuva também pode levar esses sítios.
“Na região em que estamos, ao receber a primeira informação, em seguida veio outra chuva, e muitos sítios já foram levados pela corredeira do rio,” lamenta o professor. Atualmente, o trabalho encontra-se na fase de “salvamento emergencial”, que envolve a limpeza dos itens resgatados.
Como os Achados serão Tornados Públicos?
O professor Macedo revela que os trabalhos continuarão seguindo uma série de etapas para tornar esses achados públicos e acessíveis para a população, incluindo:
- Limpeza
- Pré-classificação
- Pesquisa científica
- Exposição pública
“Vamos analisar tecnicamente, preparar exposições e material para a educação patrimonial, para trabalhar. Então, teremos esse material para um possível museu aqui na cidade de Dona Francisca, e para que também chegue às escolas de educação básica, servindo como patrimônio cultural da cidade,” finaliza o professor.
Os itens encontrados são uma janela para o passado, mostrando como povos pré-coloniais organizavam sua vida social e cultural. Esse trabalho arqueológico, ainda em progresso, promete trazer muitas revelações sobre a diversidade cultural do Rio Grande do Sul antes da chegada dos colonizadores europeus.
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