Embaixador diz que ações ambientais do Brasil no passado não são desculpa para desmatamento
O embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Todd Chapman, disse nesta quinta (22) que as conquistas ambientais do Brasil no passado - como a preservação da Amazônia, o programa de etanol e a construção de hidrelétricas - não são desculpa para não atuar contra o desmatamento ilegal hoje...
O embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Todd Chapman, disse nesta quinta (22) que as conquistas ambientais do Brasil no passado – como a preservação da Amazônia, o programa de etanol e a construção de hidrelétricas – não são desculpa para não atuar contra o desmatamento ilegal hoje.
“Sabe, você pode estar certo em todos os seus argumentos, ganhando batalha, batalha, batalha – e pode perder a guerra”, disse Chapman, em café da manhã com jornalistas na residência oficial.
“‘Ah, mas nós já preservamos mais da Amazônia do que vocês fizeram na Costa Leste dos Estados Unidos’. Está certo. Mas esse não é o argumento, né. ‘Ah, mas nós temos mais hidrelétricas [que] todos’. Isso é certo. Mas esse não é o tema agora. Você pode anunciar tudo isso com orgulho, se vocês não estavam (sic) desmatando [a] Amazônia. Então resolvido isso, vai abrir portas para vocês”, acrescentou.
“[E] o desafio para o Brasil é que, se fosse impossível – tá bom, talvez alguém poderia dizer “não, é impossível”. Mas o Brasil já fez. Já fez e baixou radicalmente, e agora está crescendo de novo”.
Ele se refere à redução do desmatamento entre 2004 e 2012. A taxa registrada pelo Inpe na Amazônia Legal em 2012 foi de 4.571 km², o equivalente a uma redução de 85% em relação a 2004.
A partir de 2012, o desmatamento voltou a aumentar, chegando a mais de 10.000 km² tanto em 2019 quanto em 2020.
Para Chapman, a questão do meio ambiente “talvez foi o tema em que houve mais mudança na posição entre a administração Trump e a administração Biden (…) talvez na área de prioridade”.
Diplomata de carreira, Chapman chefia a embaixada em Brasília desde março de 2020, ainda no governo Trump. No mês passado, ele anunciou sua aposentadoria, e deixa o Brasil neste fim de semana.
“Durante esses seis meses [de governo Biden], a conversa tem sido bastante produtiva, bastante fluida, com a equipe do MMA [Ministério do Meio Ambiente] e do Itamaraty. Também agora eu tive a minha primeira visita com o novo ministro do Meio Ambiente [Joaquim Leite], foi muito produtiva (…) O diálogo é fluido e constante”, disse.
A discussão bilateral sobre o meio ambiente, acrescentou, abrange vários ministérios. “Eu falo sobre meio ambiente com qualquer ministro com quem estou reunido”. Entre eles, Chapman citou Paulo Guedes, Bento Albuquerque e Tereza Cristina. O diplomata não disse, mas a gente lembra, que Tereza Cristina é embaixadora do ‘boi bombeiro’.
Chapman elogiou o Código Florestal – que define normas para preservar a vegetação nativa – e a matriz energética do Brasil, composta em mais de 60% por fontes hidrelétricas. “O Brasil é um líder na matriz elétrica, acho que é a mais limpa de todo o G20″, disse.
O embaixador voltou a dizer que o Brasil pode ser um líder mundial na área ambiental. “E deve ser”. Citou, entre outras iniciativas, o programa de etanol brasileiro, do qual ele se lembra pessoalmente, por ter passado parte da adolescência no Brasil.
“Na COP26, o que eu gostaria de ver? Que a grande estrela do filme é o Brasil”, disse, sobre a próxima Conferência da ONU sobre o Clima, que será realizada em novembro, na Escócia.
“Este é o seu momento de não ser o vilão e ser o herói”. Chapman acrescentou que também os governos estaduais têm muito a fazer para que o Brasil se torne um “herói ambiental”.
O embaixador não citou o nome de Mourão, mas o vice-presidente, que preside o Conselho da Amazônia, disse em maio que o país “não suporta mais ser enxovalhado e rotulado de vilão ambiental”.
Um mês antes, Mourão apresentou um incrível plano ambiental que permite ao Brasil “reduzir” o desmatamento, na prática, aumentando.
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