Embaixada dos EUA minimiza comentário de Kerry sobre ‘regime’ de Bolsonaro
O conselheiro ambiental da Embaixada dos EUA em Brasília, Pablo Valdez, minimizou a declaração de John Kerry sobre um 'regime' no Brasil - termo geralmente usado por diplomatas americanos para se referir a ditaduras, como a da China...
O conselheiro ambiental da Embaixada dos EUA em Brasília, Pablo Valdez, minimizou a declaração de John Kerry sobre um ‘regime’ no Brasil – termo geralmente usado por diplomatas americanos para se referir a ditaduras, como a da China.
“Temos total respeito pela democracia brasileira e valorizamos nossa parceria em uma ampla gama de questões importantes”, disse Valdez, em entrevista exclusiva a O Antagonista. “Recentes comentários não refletem de maneira alguma uma mudança na forma como os Estados Unidos veem nossa parceria com o Brasil, como duas das mais importantes democracias do mundo”. Nesse trecho da entrevista, Valdez estava lendo em voz alta declarações de um porta-voz do Departamento de Estado.
Nesta quarta (12), em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados americana, Kerry respondeu assim a uma pergunta: “Em 2020, a Amazônia atingiu um pico [de desmatamento] e infelizmente o regime reverteu parte disso [do progresso em combater o desmatamento]. E dizem ter compromisso de aumentar o orçamento, e [que] vão estabelecer uma nova estrutura. Estamos dispostos a falar com eles, não fazendo vista grossa, mas com entendimento de por onde estivemos. Mas se a gente não conversar com eles, pode garantir que a floresta vai desaparecer. (…) Resumindo, vamos conversar com eles para descobrir o que é possível”.
Na mesma audiência, Kerry usou o termo ‘regime’ para se referir ao governo da China.
Valdez também comentou a O Antagonista sobre a Coalizão LEAF. Anunciada por Joe Biden durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, em abril, a iniciativa é uma parceria dos governos dos EUA, Reino Unido e Noruega, juntamente com o setor privado, para financiar a proteção das florestas tropicais e a redução do desmatamento.
Segundo a embaixada da Noruega, espera-se que a chamada inicial de propostas levante pelo menos US$ 1 bilhão – o mesmo valor que o ministro Ricardo Salles disse ter pedido ao governo dos Estados Unidos.
Procurado várias vezes por O Antagonista, o ministério ainda não respondeu se pretende enviar projetos para a Coalizão LEAF.
“Nós estamos esperando que o Brasil e os estados brasileiros estarão entre os primeiros a enviarem propostas”, disse Valdez. O prazo é 30 de julho.
Valdez não quis comentar o comportamento do ministro Salles em ações como a transferência de gabinetes para o Pará, desmontando uma operação de fiscalização, sua disputa pública com o policial federal Alexandre Saraiva, e seus cálculos sobre o mercado de crédito de carbono. A reportagem perguntou ao diplomata americano como faz para convencer os supervisores em Washington de que o governo brasileiro é um parceiro confiável.
“Como em todos os países, as palavras devem ser apoiadas pela ação concreta”, disse Valdez. “A gente espera, vai ser difícil, obviamente, a gente espera ver bons resultados este ano, especialmente nos próximos meses, que são mais críticos, durante a temporada da seca”.
O vice-presidente Hamilton Mourão publicou no Diário Oficial, no mês passado, um plano para a Amazônia que tem como meta deixar o desmatamento ‘apenas’ 15% maior do que quando Bolsonaro tomou posse.
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