Em vez de ‘weintraubizar’, Ernesto Araújo muda foco para acordos comerciais
Ernesto Araújo mostrou em coletiva de imprensa no Itamaraty na manhã desta terça-feira (2) uma personalidade bem diferente da que exibe no Twitter, em artigos e até em capas de revista...
Ernesto Araújo mostrou em coletiva de imprensa no Itamaraty na manhã desta terça-feira (2) uma personalidade bem diferente da que exibe no Twitter, em artigos e até em capas de revista.
Em vez de citar o ‘globalismo’, os ‘meios de produção da verdade’ ou o ‘tecno-totalitarismo’, temas abordados pelo ministro no Twitter, Araújo preferiu destacar o trabalho do Itamaraty na busca de acordos comerciais com países como o Canadá, a Coreia do Sul e a Índia.
“Estamos contruindo uma rede de acordos comerciais de nova geração que permitirão a transformação do próprio setor produtivo brasileiro”, disse o ministro.
Araújo afirmou que essa nova geração de acordos vai aprimorar a inserção do Brasil em cadeias globais de produção e destinar-se principalmente à indústria, em vez de às commodities. A proporção das exportações brasileira destinadas aos Estados Unidos e ao Mercosul caiu dos 90 para cá, enquanto aumentou o volume de comércio com a China, o que indica para Araújo uma necessidade de fortalecimento da indústria.
O ministro disse ainda que, para acelerar esses novos acordos, cogita uma flexibilização do Mercosul. Essa flexibilidade pode ser necessária “quando há uma disposição diferente negociadora por parte” dos membros do bloco. Araújo contou que essa possibilidade já é discutida com a equipe de Paulo Guedes.
Por integrar o Mercosul, o Brasil precisa hoje negociar acordos comerciais em conjunto com o bloco, como foi feito com a União Europeia.
Ao receber perguntas dos repórteres, Araújo evitou entrar em controvérsias. Não quis dar detalhes sobre os esforços para trocar o embaixador da China em Brasília. Também não quis tecer comentários sobre a turma do Centrão no Congresso.
Araújo também evitou condenar a invasão do Capitólio em 6 de janeiro como terrorismo doméstico.
O ministro também não respondeu diretamente a uma pergunta de O Antagonista sobre seu apoio ao suposto plano de paz apresentado por Trump no começo de 2020. O ministro não respondeu se o apoio significa que o Brasil mudou sua posição sobre as fronteiras pré-1967.
Em dezembro de 2010, no apagar das luzes do governo Lula, o Brasil reconheceu o Estado palestino nas fronteiras existentes antes da Guerra dos Seis Dias, em 1967. O plano anunciado por Trump reconhece a legalidade de assentamentos construídos na Cisjordânia depois da guerra. Representantes palestinos não participaram da negociação do suposto plano de paz.
Na última sexta (26), Araújo foi alvejado pela nova presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu. A senadora criticou o ‘componente ideológico’ da política externa do ministro.
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