Em livro, Cunha diz que Lula jamais nomearia Fachin para o STF e relata apoio de Joesley e Lewandowski ao ministro
Além de dizer que Lula se arrependeu de não ter impedido a reeleição de Dilma em 2014, Eduardo Cunha conta em seu livro "Tchau, Querida: O Diário do Impeachment" os bastidores da indicação de Edson Fachin ao Supremo, atuação dele no impeachment da petista e o apoio que o ministro teria recebido de Joesley Batista e Ricardo Lewandowski...
Além de dizer que Lula se arrependeu de não ter impedido a reeleição de Dilma em 2014, Eduardo Cunha conta em seu livro “Tchau, Querida: O Diário do Impeachment” os bastidores da indicação de Edson Fachin ao Supremo, atuação dele no impeachment da petista e o apoio que o ministro teria recebido de Joesley Batista e Ricardo Lewandowski.
Cunha diz que Fachin teria atendido a pelo menos um pedido do empresário, feito por meio de Ricardo Saud — que, em sua delação, também narrou o apoio à candidatura do ministro ao STF.
Hoje em prisão domiciliar, o ex-presidente da Câmara diz que chegou a conversar com Lula sobre o pedido de Joesley em relação a Fachin. “Explicitei minha desconfiança com relação a José Eduardo Cardozo, de quem Lula tinha verdadeiro pavor como pessoa, referindo-se a ele de forma agressiva. Tocamos no ponto da nomeação para o STF. E fiz a sondagem que Joesley havia me pedido.”
“Eu perguntei sobre Fachin, para atender Joesley. Lula me disse que já tinha, quando era presidente, tentado sugerir o nome dele, mas que recusou porque jamais nomearia um sindicalista para ministro do STF. Isso iria certamente dar um enorme prejuízo aos cofres públicos em decisões judiciais, já que ele acabaria ficando contra o governo por essa condição de sindicalista. Lula disse que, se a sua posição fosse ouvida, Fachin jamais seria nomeado. Ele afirmou que quem defendia o nome dele eram os sindicatos, dos quais Fachin era ou tinha sido advogado. Outro apoiador era o amigo dele Luiz Marinho, ex-prefeito e ex-ministro de Lula e também sindicalista. Ele tinha sido o responsável pela indicação, à época, do nome de Ricardo Lewandowski e estaria atuando junto com Lewandowski pela indicação de Fachin.”
Mais adiante no livro, Cunha relata que Renan Calheiros também quis influenciar na escolha de Fachin e encontrou-se com Ricardo Lewandowski, na base aérea de Brasília. Como resultado da conversa de Renan com o presidente do STF, houve um encontro dele com Fachin, diz o ex-deputado.
Ainda segundo Cunha, Joesley Batista atuou fortemente para que Fachin fosse aprovado na sabatina. “Isso era materializado pelo seu representante institucional perante o Congresso, Ricardo Saud.” Depois da aprovação, o dono da J&F teria realizado uma confraternização com Renan Calheiros e Edson Fachin, na sua casa de Brasília, “em agradecimento pela aprovação do nome dele no Senado”.
“No dia seguinte, antes de ele voltar a São Paulo, esteve de novo comigo. Contou que a festa varou a madrugada, até o sol raiar – e que a turma tinha bebido bem, havia sido grande a degustação de vinho que ele tinha oferecido. Ele parecia muito feliz pelo desfecho, com sucesso, da nomeação de Fachin.”
Uma vez tornado ministro, Fachin teria atendido a pelo menos um pedido de Joesley Batista, justamente para tentar segurar a denúncia contra Renan Calheiros no caso de desvio de recursos para pagamento de pensão alimentícia a jornalista Mônica Veloso. O ministro levou seu voto ao plenário do Supremo no dia em que o Senado, então presidido por Renan, analisaria o impeachment de Dilma. “Essa denúncia estava liberada em fevereiro, mas foi retirada após pedido de Ricardo Saud ao ministro Fachin — conforme relatado pelo próprio Saud a mim na época.” Relator do caso, Fachin votou pela absolvição do emedebista, hoje relator da CPI da Covid, e foi seguido pelos colegas da Segunda Turma.
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