Elmar sobre Lira: ‘Perdi meu melhor amigo’
"Sou o líder do partido, não posso agir só pelo que eu penso", declarou o líder do União Brasil ao sinalizar que jogará a tolha
A decepção do deputado federal Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil, com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já não se disfarça nos gestos, muito menos no discurso.
Durante declaração à imprensa nesta quinta-feira, 31, o parlamentar destacou o rompimento da amizade com o alagoano no contexto das alianças firmadas para a corrida pelo comando da Câmara. A eleição só ocorre no início de 2025, mas o jogo já parece definido.
“Já cheguei muito mais longe do que achava que poderia chegar. Nesse processo eu já comecei perdendo, perdi um amigo que eu considerava meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira”, disse Elmar.
Hugo Motta
A decisão do União Brasil de apoiar Hugo Motta, candidato do Republicanos, marca uma guinada estratégica. Embora Elmar tenha sido lançado como nome na corrida pela presidência da Câmara, ele está sob a influência do partido para recuar em prol de uma aliança pragmática.
O cálculo da legenda é simples: com o apoio de PP, PT, PL, MDB, Podemos e PCdoB, Motta emerge como o favorito e as chances de uma vitória contra ele são vistas como improváveis. Enfrentar um candidato com tal rede de apoios significaria um risco de isolamento para o União Brasil.
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Mesmo sem o apoio do União Brasil, Motta já conta com o respaldo de uma base sólida de 316 deputados, o que lhe garante folga para uma eleição em primeiro turno.
Mudança de planos
Elmar contava inicialmente com o apoio de Lira, mas o presidente da Câmara concluiu que Motta possui maior habilidade para aglutinar diferentes frentes na Casa de Leis.
No cenário atual, partidos como PL e PT já reivindicaram as principais posições na Mesa Diretora, deixando para o União Brasil a possível terceira opção. A legenda ainda pleiteia o controle da CCJ, com Elmar como candidato preferido para o cargo. Em outra frente de negociações, a relatoria do Orçamento é disputada entre MDB e União Brasil, que tenta barganhar a retirada da candidatura de Elmar em troca do controle sobre o orçamento, embora o MDB seja visto como o favorito.
Especulações sobre um ministério para Elmar no governo Lula foram prontamente descartadas pelo líder do União Brasil, que frisou a independência entre a sucessão na Câmara e eventuais cargos na Esplanada.
“A candidatura não é minha”
“Estamos tratando de sucessão da Câmara. O ministério é do presidente Lula”, afirmou.
Mesmo antes da reunião começar, Elmar já demonstrava sinais de que poderia ceder. Ao ser questionado, foi pragmático:
“A candidatura não é minha, é do meu partido e dos partidos que nos apoiam. Se todos pedirem tenho que refletir sobre isso, não posso botar minha vontade pessoal acima da vontade dos companheiros. Além disso é uma questão de que eu sou o líder do partido, não posso agir só pelo que eu penso”.
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