Eletrobras: uma das mais beneficiadas nas eleições do primeiro turno
Na eleição do primeiro turno, tivemos uma surpresa com a formação do novo Congresso. A bancada da centro-direita teve 53%, tanto na Câmara quanto no Senado, o que reduz e muito as possibilidades de um eventual governo Lula conseguir reverter pautas aprovadas ao longo dos últimos seis anos...
Na eleição do primeiro turno, tivemos uma surpresa com a formação do novo Congresso. A bancada da centro-direita teve 53%, tanto na Câmara quanto no Senado, o que reduz e muito as possibilidades de um eventual governo Lula conseguir reverter pautas aprovadas ao longo dos últimos seis anos.
Desde a saída de Dilma Rousseff da Presidência, uma série de medidas foi aprovada no Brasil. Destaco as mais relevantes: reforma trabalhista, Lei das Estatais, teto de gastos, reforma da Previdência, Banco Central independente, marco do saneamento, Lei de Falências, marco do gás natural, descentralização de portos e aeroportos e, por fim, mas não menos importante, a privatização da Eletrobras.
Claro que esperamos que algumas mudanças ocorram, com a possível retirada do teto dos gastos, que trará muita discussão, no parlamento e no mercado, mas aventuras mais intervencionistas não são esperadas.
Em algumas entrevistas, Lula chegou a sugerir que, caso fosse eleito, quem tivesse comprado ações da Eletrobras no processo de capitalização teria de conversar com ele. Sem um Congresso de esquerda, essa possibilidade sai da mesa, até pelo próprio time petista, que terá de discutir coisas muito mais relevantes para o andamento da economia. Outra proteção dada ao investidor está no próprio processo de privatização: a chamada poison pill exige que um comprador de mais do que 50% das ações da companhia pague 200% da maior cotação dos últimos 24 meses.
Com o cenário político mais claro, a nova gestão da Eletrobras tem espaço aberto para implementar melhorias e destravar valor à companhia. A empresa poderá reduzir em 20% o número de funcionários por ano — é esperado que consiga reduzir em ao menos 60% sua folha nos próximos anos, o que deve gerar uma melhor rentabilidade à empresa que controla Chesf, Eletronorte, Eletrosul e Furnas, além de outras empresas que ainda estão dentro da holding.
A expectativa do mercado é que a Eletrobras, já com todos os ganhos de eficiência, consiga atingir um lucro líquido de 20 bilhões de reais ao ano. Com isso, em 2026, a empresa estaria negociando a cinco vezes o lucro. Concordo que é um pouco distante, por isso essa tese de investimento é mais apropriada ao aplicador com viés de longo prazo.
Empresas privatizadas no mesmo setor foram beneficiadas. É o caso da Engie (antiga Gerasul), que viu suas ações valorizarem 3.533% nestes 20 anos de privatização, o equivalente a um retorno médio anual de 18,9%. Altos retornos podem ser esperados também da Eletrobras.
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João Abdouni, analista CNPI na Inv Publicações.
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