Eduardo Bolsonaro: sem embaixada, de volta à liderança
Eduardo Bolsonaro começou o ano como uma espécie de chanceler paralelo. Articulador de viagens presidenciais, o filho 03 do presidente da República fez visitas a países alinhados com o governo de Jair Bolsonaro e dividiu informalmente com o ministro...
Eduardo Bolsonaro começou o ano como uma espécie de chanceler paralelo.
Articulador de viagens presidenciais, o filho 03 do presidente da República fez visitas a países alinhados com o governo de Jair Bolsonaro e dividiu informalmente com o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a guinada da política externa para a direita.
Em julho, Bolsonaro sinalizou a intenção de nomear o filho para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, um dos postos mais importantes na diplomacia brasileira.
Como mostrou a Crusoé, a ideia de nomear Eduardo foi sugerida a Bolsonaro por auxiliares do presidente familiarizados com a política americana.
Ao justificar a escolha do nome de Eduardo, o presidente lembrou da “amizade” do deputado com os filhos de Donald Trump e sua “vivência muito grande de mundo”.
Já Eduardo afirmou que era qualificado para assumir o posto, e explicou: “Já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos”.
Ao sinalizar a intenção de nomear o próprio filho, Bolsonaro jogou todos os holofotes para cima de Eduardo.
Como o risco de o Senado rejeitar a indicação não era negligenciável, o deputado começou então o “beija-mão” aos parlamentares. Preparou-se para a sabatina na Casa. E jantou com senadores.
Mas as várias crises do governo durante o ano (e não foram poucas) diminuíram as chances de Eduardo na Casa.
No dia 22 de outubro, ele desistiu, então, de ser embaixador. Publicamente, ele admitiu que parte de base de apoio do governo era contrária à sua indicação. Nem mesmo Olavo de Carvalho apoiou a nomeação.
Poucos dias depois de desistir da embaixada, um Eduardo muito menos afável do que aquele que pedia votos para senadores falou em edição de um novo AI-5 para conter a “radicalização da esquerda”.
Diante da óbvia reação ao desvario, o próprio presidente Bolsonaro desautorizou o filho.
No momento em que lideranças criticavam a declaração do deputado, Eduardo voltou à carga e insistiu na exaltação à ditadura.
Nas redes sociais, publicou um vídeo em que seu pai elogia o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Por causa da declaração do AI-5, o Conselho de Ética da Câmara instaurou três processos disciplinares contra o deputado.
Ainda em outubro, Eduardo desbancou Delegado Waldir da liderança do PSL na Câmara, após uma verdadeira guerra para angariar os votos necessários para tomar o cargo.
O episódio escancarou uma crise interna no partido, colocando em lados opostos Jair Bolsonaro e o presidente da sigla, Luciano Bivar.
Recentemente, o diretório nacional do PSL confirmou a suspensão de Eduardo da legenda. Com a suspensão de 12 meses, o deputado perdeu funções na Câmara e deixou a liderança do partido na Casa –para a qual retornou em seguida, após decisão judicial.
Eduardo disse que seu objetivo agora é trabalhar para a criação da Aliança pelo Brasil, novo partido idealizado pelo pai.
Eduardo tem de ser mais embaixador de si próprio.
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