'É um grande roubo de dados, um crime grave', diz professor de Harvard sobre mensagens vazadas 'É um grande roubo de dados, um crime grave', diz professor de Harvard sobre mensagens vazadas
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‘É um grande roubo de dados, um crime grave’, diz professor de Harvard sobre mensagens vazadas

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4 minutos de leitura 17.06.2019 16:31 comentários
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‘É um grande roubo de dados, um crime grave’, diz professor de Harvard sobre mensagens vazadas

Em seu longo texto (em inglês) sobre a troca de mensagens vazada entre Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato, Matthew Stephenson também escreve que a conversa “mais potencialmente problemática” entre Moro e Deltan Dallagnol...

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‘É um grande roubo de dados, um crime grave’, diz professor de Harvard sobre mensagens vazadas
Matthew Stephenson

Em seu longo texto (em inglês) sobre a troca de mensagens vazada entre Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato, Matthew Stephenson também escreve que a conversa “mais potencialmente problemática” entre Moro e Deltan Dallagnol –aquela em que o juiz indica uma testemunha que estaria disposta a falar sobre os imóveis do filho de Lula e diz a Deltan “melhor formalizar, então” — é ambígua demais para que ele consiga dizer com certeza que é antiética.

O professor de Harvard também faz uma série de críticas à cobertura do caso:

“Estou decepcionado com vários aspectos da cobertura dessa questão pelo Intercept. Deixarei de lado o fato de que o Intercept, desconsiderando a prática habitual de jornalistas profissionais, não contatou os personagens da matéria para dar a eles a oportunidade de responder antes da publicação (…). Também há o fato de que o Intercept parece não ter consultado nenhum especialista em lei brasileira ou ética jurídica. Em vez disso, parece acreditar que o próprio julgamento dos repórteres sobre o que é permitido pela lei brasileira é correto e não requer confirmação.

Assim, as reportagens dizem repetidas vezes, de forma conclusiva, que a comunicação de Moro com Dallagnol ‘é antiética para um juiz’ e ‘viola o código de ética do Judiciário’, que os textos vazados ‘revelam graves violações éticas’ etc. Nada de ‘possivelmente’, ‘alegadamente’ etc., nem de citações de especialistas que apoiem ​​as alegações de conduta ilegal. As reportagens (…) nem se preocupam em citar os trechos relevantes da lei ou do código de ética que foram supostamente violados. (…) Isso me parece bastante arrogante.”

O especialista de Harvard escreve, ainda, que aqueles que criticaram Moro por ter assumido um cargo no governo de Jair Bolsonaro estavam “certos em seus temores”. “Imaginem quão diferente seria o impacto das revelações do Intercept se Moro não apenas recusasse a indicação, mas o fizesse com algum tipo de declaração pública de que ela não seria apropriada, diante da importância de manter a neutralidade da Lava Jato (…). A conduta do juiz Moro nos casos da Lava Jato não teria parecido motivada por ideologia ou desejo de ser promovido –agora isso acontece, seja verdade ou não”.

E Stephenson também responde àqueles que acham que o crime da interceptação das mensagens “não tem importância” diante do conteúdo delas:

“Em algum momento as pessoas precisam começar a se preocupar sobre como a fonte do Intercept se apossou de todos os dados do celular de Dallagnol e quais são suas motivações. É um grande roubo de dados, um crime grave. Pare por um momento e pense em como você se sentiria se soubesse que alguém tem todas as informações do seu telefone nos últimos cinco anos. Agora pense como se sentiria se as pessoas que detêm essa informação tivessem um poderoso interesse ideológico/político em desacreditá-lo. (…)

Será que é uma tentativa de acabar com a Lava Jato por uma ameaça de chantagem velada, se a repercussão negativa das reportagens iniciais do Intercept não for suficiente? O objetivo é acabar com a Lava Jato ou polarizar e desestabilizar a política brasileira em geral? Seja qual for o interesse público em escrever reportagens baseadas nesses vazamentos (…), o fato de que hackers sofisticados estão atacando os celulares pessoais de figuras públicas e liberando as informações para minar uma investigação anticorrupção ou desestabilizar um país é muito assustador.”

Voltando ao foco do texto, o professor conclui da seguinte forma:

“Começo a me perguntar se há um grande escândalo aí, afinal. Sim, estou preocupado com o que parece ser um relacionamento excessivamente íntimo entre o procurador e o juiz. E, sim, os vazamentos divulgados até agora (pelo menos nas versões em inglês) contêm algum material problemático, que pode sugerir violações éticas. Mas até as trocas de mensagens mais problemáticas contêm ambiguidades consideráveis. Violação da ética [nesse caso] não é nem de longe a certeza consolidada que o Intercept quer dar a entender que seja.”

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