É possível identificar a urna por outros meios
* Por Júlio Corrêa O PL e o IVL (Instituto Voto Legal) divulgaram um documento que serviu de base para um pedido de Representação Eleitoral ao TSE alegando “que foram constatadas evidências contundentes do mau funcionamento de urnas eletrônicas, através de eventos registrados nos arquivos Logs de Urna”. A reclamação é que não dá para identificar que o log é pertencente a determinada urna, pois, o código de identificação de UE veio repetido nas urnas de modelos antigas a 2020. O tal código é 67305985...
* Por Júlio Corrêa
O PL e o IVL (Instituto Voto Legal) divulgaram um documento que serviu de base para um pedido de Representação Eleitoral ao TSE alegando “que foram constatadas evidências contundentes do mau funcionamento de urnas eletrônicas, através de eventos registrados nos arquivos Logs de Urna”. A reclamação é que não dá para identificar que o log é pertencente a determinada urna, pois, o código de identificação de UE veio repetido nas urnas de modelos antigas a 2020. O tal código é 67305985.
Porém, analisando mais a fundo, vemos que dentro do próprio log de urna há uma outra identificação chamada Código de Identificação da Carga, pela qual é possível sim identificar uma urna por uma chave única.
Além disso, se pegarmos o mesmo número do Código de Identificação da Carga e cruzarmos com outro arquivo disponibilizado pelo TSE chamado Correspondências Esperadas e Efetivadas, podemos inclusive obter o código UE que faltou no log:
Selecionei alguns datasets pequenos, como os dos estados do AC e DF, fiz a validação procurando um Código de Carga de Urna dentro do log e verifiquei sua correspondência. Veja que, no destaque em vermelho, é possível obter o código de carga e ao lado esquerdo o ID UE (o objeto da reclamação do PL):
Segundo a documentação do TSE, a 9ª variável da esquerda para a direita é o ID UE interno, no caso o número 1663883.
Indo novamente ao site do TSE, podemos comparar usando os dados do BU-Boletim de Urna (somatória do resultado de uma urna) e conferir novamente ow códigos únicos de identificação de UE e de carga.
Então, é possível confirmar que um arquivo de log pertence a uma urna específica através do Código de Identificação de Carga.
Dentro do próprio log vem a informação de município, zona e seção, que corrobora a identificação, mas, mesmo assim, se for para escolher, preferiria a combinação destes em conjunto com a chave primária do Código de Carga. Neste caso, temos mais tokens de informação, o que melhora ainda mais a comparação:
Verifiquei ainda algumas outras possibilidade de análise de quantidade de votantes através de expressões regulares nos logs, que, de forma automatizada em código, pode ser feita em uma porção maior de dados para colaborar na auditoria. Outra coisa que vale ressaltar é que percebi que, nos que analisei, ele contém informação de 1º e 2º turno.
Tenho certo tempo de experiência e análise de dados e o que posso dizer é que logs são footprints ou “pegadas” das transações primárias. Há diversos tipos de logs (estruturados e não estruturados), mas por ora o mais importante é entender que log não é a transação em si. E que, ao analisarmos logs, é preciso entender como e em quais circustância ele é gerado. E mais do que isso, saber interpretar e sempre verificar quantas visões podemos tirar do mesmo dado.
Já cheguei a trabalhar com volumes de mais de 30 milhões de logs por dia de dados de aplicativos bancários, nas empresas privadas que atuei, e aprendi que sempre é bom fazer um “double check”. Quando algo é de extrema relevância, então, temos que fazer um “triple check” antes de concluir sobre os dados analisados.
*Júlio Corrêa é especialista em análise e Engenharia de Dados
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