E Annita, Marcos Pontes?
O Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência e da Tecnologia não responderam a questionamentos de O Antagonista sobre o que foi feito com a nitazoxanida, remédio antiparasitário anunciado por Marcos Pontes como capaz de reduzir a carga viral da Covid...
O Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência e da Tecnologia não responderam a questionamentos de O Antagonista sobre o que foi feito com a nitazoxanida, remédio antiparasitário anunciado por Marcos Pontes como capaz de reduzir a carga viral da Covid.
Há seis meses, em outubro de 2020, Pontes disse em cerimônia no Palácio do Planalto que a nitazoxanida, remédio vendido comercialmente com o nome Annita, poderia “ajudar a reduzir o problema” da pandemia.
Para ilustrar os resultados da suposta eficácia, o governo federal usou uma imagem de arquivo, uma animação genérica de um gráfico que mostra barras diminuindo ao longo do tempo, sem números que as sustentassem.
Na ocasião, Pontes declarou: “Nós estamos passando o bastão para o Ministério da Saúde, para o general Pazuello dar continuidade ao trabalho”.
O Ministério da Saúde não nos respondeu se e quando foi comunicado pelo da Ciência e Tecnologia sobre os resultados dos estudos, ou o que informou a respeito para as redes de saúde nos estados e municípios. As perguntas foram enviadas para ambas as pastas na segunda-feira (19), e o pedido foi reiterado ao longo da semana.
A assessoria de imprensa do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) disse não ter informações disponíveis de vendas de nitazoxanida da indústria farmacêutica para as farmácias.
Resultados do estudo clínico coordenado e financiado pelo ministério de Marcos Pontes foram publicados em dezembro de 2020, dois meses depois do evento no Planalto, na revista científica European Respiratory Journal. A publicação foi notícia no site oficial da pasta.
O estudo analisou 392 pacientes, sendo que 198 receberam nitazoxanida e os outros 194 placebo (substância sem efeito).
Segundo o próprio estudo, “em pacientes com Covid-19 moderada, a resolução dos sintomas não teve diferenças entre o grupo da nitazoxanida e o grupo placebo depois de 5 dias de terapia”.
Foi observada, de fato, uma redução da carga viral em quem tomou o antiparasitário: de 55%, contra 45% no grupo que não tomou nada. Além disso, os esfregaços (swabs) recolhidos foram negativos para o novo coronavírus em 29,9% dos doentes que tomaram nitazoxanida, contra 18,2% dos que tomaram placebo.
Em abril de 2020, ainda no começo da pandemia e muitos meses antes dos estudos, a Anvisa declarou a nitazoxanida um remédio controlado.
Com Annita ou Anitta, o governo não sabe o que fazer.
Leia também:
MCTI não informa documento com ‘compromisso’ de R$ 300 milhões para candidata a vacina
Cientistas que relacionaram fumo a menor risco de Covid prestam serviço para indústria do cigarro
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)