Dormindo com o inimigo
Partidos da base do governo Lula vão integrar palanques em pelo menos sete capitais e outras quatro grandes cidades do país
Partidos que integram a base do governo Lula como o MDB, PSD e União Brasil vão integrar palanques ao lado do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Levantamento feito pelo jornal O Globo aponta que esse cenário ocorrerá em pelo menos sete capitais e outras quatro grandes cidades do país.
O caso mais simbólico é São Paulo. No maior colégio eleitoral do país, o MDB de Ricardo Nunes não somente vai coligar com o PL de Bolsonaro como tem o ex-presidente como avalista da candidatura. Bolsonaro indicou o vice da chapa emedebista, o ex-coronel da Rota Mello Araújo.
O MDB do atual prefeito Sebastião Melo também fará palanque com o PL em Porto Alegre.
Além de São Paulo e Porto Alegre, a união de partidos da base do governo Lula com o PL bolsoanrista ocorrerá em Florianópolis, Curitiba, Salvador, Natal, São Luís, Duque de Caxias, Ribeirão Preto, Feira de Santana e Londrina.
Em Florianópolis, Topázio Neto (PSD-SC) busca a reeleição com o apoio do governador Jorginho Melo (PL-SC); em Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD) terá como vice um nome do PL, o ex-candidato ao Senado Paulo Martins; em Salvador, Bruno Reis do União Brasil vai coligar com o PL.
Como revelou Crusoé na semana passada, as eleições municipais de 2024 vêm recebendo muito mais atenção dos caciques partidários e dos políticos de Brasília do que costumava acontecer. Há duas razões para isso e ambas remontam a 2015.
Foi nesse ano que o Supremo Tribunal Federal proibiu o financiamento privado de campanhas e que o Congresso tornou obrigatório o pagamento das emendas parlamentares individuais. Quase uma década mais tarde, pode-se constatar os efeitos indiretos e, de certa forma, inesperados dessas medidas.
A transferência assegurada de recursos federais para os rincões do país, por meio de emendas, fortaleceu o vínculo entre os deputados federais e suas bases. Ao mesmo tempo, o esforço de prefeitos e vereadores para eleger deputados federais pode ajudar as legendas a aumentar o seu quinhão dos fundos partidário e eleitoral, uma vez que o tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados é o que define a divisão desses bilhões. São duas faces da mesma moeda, que tornou mais valiosa a política realizada nos municípios.
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