Donos de Coco Bambu, Havan e Tecnisa delatados por Mauro Cid
De acordo com um áudio obtido pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid, empresários estiveram reunidos com Bolsonaro em novembro de 2022 para defender “posição mais radical” em relação ao resultado das eleições.
De acordo com um áudio obtido pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, empresários estiveram reunidos com o então chefe do Executivo em novembro de 2022 para defender uma “posição mais radical” em relação ao resultado das eleições.
Segundo a PF, o áudio de Cid, enviado ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, cita a visita dos empresários Luciano Hang (lojas Havan), Meyer Nigri (Tecnica) e Afrânio Barreira (Coco Bambu). Na conversa, Cid também cita o dono da rede Centauro, que a PF atribui como sendo “possivelmente Sebastião Bonfim”.
No áudio, Cid afirma ao comandante do Exército que os empresários tentaram pressionar para que o Ministério da Defesa produzisse relatório rígido visando “virar o jogo”, ou seja, manter Bolsonaro no poder ainda que à revelia do resultado eleitoral. O documento referido por Cid foi elaborado pelas Forças Armadas após o resultado das eleições.
Empresários se defendem
Através de uma nota, Meyer Nigri afirmou que “nunca tentou pressionar quem quer que seja, muito menos o ex-presidente para ‘virar o jogo’” e que ele reconheceu a vitória do presidente Lula “tão logo vieram os resultados das eleições”.
A defesa de Hang afirmou que não pode declarar nada sobre a investigação que tramita em sigilo e que desconhece o teor da mensagem, mas pontua que “Luciano jamais sugeriu ou pediu a quem quer que fosse a adoção de medida destinada a atentar contra o ordenamento jurídico e as instituições democráticas”.
Bomfim divulgou a seguinte note: “Sebastião Bomfim afirma que não participou da reunião citada e que jamais defendeu iniciativas para reverter o resultado das eleições ou atentar contra a ordem e as instituições democráticas“.
Afrânio Barreira, dono do Coco Bambu
Afrânio Barreira enviou nota ao jornal cearense O Povo. Leia a íntegra:
“O Sr. Afranio Barreira nega seu envolvimento em qualquer ato político, público ou privado, durante ou depois da campanha presidencial de 2022. Assim, cabe ressaltar que não conhece, nunca esteve ou mesmo falou com o Sr. Mauro Cid.
O Sr. Afranio reforça, ainda, que somente esteve ou falou com o ex-presidente Jair Bolsonaro uma única vez, em agosto de 2020, em um almoço que fez parte da agenda oficial do então Presidente e que contou com a participação de várias outras autoridades, tal almoço não tinha qualquer pauta política, administrativa ou econômica. Desde então não falou ou esteve com o Sr. Jair Bolsonaro e/ou seus filhos, nem sequer tinha seu número telefônico.
Assim, qualquer alegação do Sr. Mauro Cid (se é que houve) é falsa, e não haverá nenhuma prova de tal acontecimento, pois o mesmo nunca ocorreu.
O Sr. Afranio apenas tomou conhecimento desse seu falso envolvimento através de contatos feito pela mídia na data de hoje.
Cabe destacar que desde 06 agosto de 2022 o Sr. Afranio esteve fora do Brasil, participando, com sua esposa, de um intercâmbio cultural previamente agendado, no qual atendeu a cursos pessoais de inglês e culinária nos Estados Unidos, ou estava em viagem familiar na Europa, com os filhos e os netos. Assim, regressou ao Brasil em 01 de abril de 2023, fato este que pode ser facilmente comprovado pelo controle de fronteiras da Polícia Federal do Brasil.
Nesse período em que esteve em viagem pessoal não falou ou esteve com o Sr. Jair Bolsonaro, ou qualquer outro membro do governo.
Por fim, o Sr. Afranio Barreira reforça sua defesa ao processo eleitoral do Brasil e de todas suas instituições, reconhecendo de forma plena os resultados das urnas de 2022.”
Dono do Coco Bambu já foi alvo da PF
Em 2022, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nos endereços de oito empresários brasileiros, entre os quais Afrânio Barreira.
A medida judicial tinha como objetivo averiguar supostas mensagens de teor golpista compartilhadas em um grupo de WhatsApp. A determinação de Moraes também envolvia bloqueio de contas bancárias.
À época, Barreira disse nunca ter apoiado medidas de teor antidemocrático.“Valorizo e sempre defenderei um processo eleitoral honesto e justo. A autonomia e separação de cada um dos três poderes é essencial para construção de uma sociedade com liberdade. Apoio e defendo que as instituições que representam cada um dos poderes sejam fortes e íntegras, atuando sempre, cada uma delas, dentro das regras da nossa Constituição Federal de 88”, afirmou.
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