Dominguetti não é o único a oferecer vacina ao governo sem ter
O policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira não foi a única pessoa a abordar o governo federal oferecendo vacinas que ele não tem como fornecer...
O policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira não foi a única pessoa a abordar o governo federal oferecendo vacinas que ele não tem como fornecer.
Segundo reportagem da Folha publicada nesta terça (29), a empresa Davati, da qual Dominguetti se disse representante, buscou o Ministério da Saúde para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca. De acordo com Dominguetti, um dos encontros com um funcionário do Ministério da Saúde teria sido em fevereiro deste ano.
Essa oferta é impossível, já que a AstraZeneca não usa intermediários. Em nota a O Antagonista, em abril deste ano, a empresa afirmou: “Todas as doses globais foram destinadas aos acordos com governos federais, como é o caso da parceria com a Fiocruz”.
E acrescentou: “[A] AstraZeneca não tem negociações em andamento e nem representante de venda da vacina para os mercados estaduais, municipais ou privado”.
A AstraZeneca e a Fiocruz assinaram contrato em setembro de 2020 para a produção de 100,4 milhões de doses de vacina no Brasil – vários meses antes, portanto, do encontro descrito por Dominguetti.
Além de Dominguetti, outras pessoas abordaram o governo federal com propostas semelhantes.
Por exemplo, Gustavo Silva Campolina. Em janeiro deste ano, o governo federal enviou um ofício a Campolina, identificado como “vendedor da AstraZeneca” e CEO da empresa BRZ Trade, sediada em Santa Catarina.
Assinaram o ofício Elcio Franco, então secretário-executivo do Ministério da Saúde; José Levi Mello, então chefe da AGU; e Wagner Rosário, ministro da CGU.
Quando depôs à CPI da Covid, Elcio admitiu ter assinado a carta antes de verificar se a tal BRZ Trade era de fato capaz de fornecer vacinas. “Mais tarde também consultamos a AstraZeneca e identificamos que essa estrutura não era nominada oficialmente, oficializada pela AstraZeneca para comercializar a vacina”, disse o ex-nº 2 de Pazuello aos senadores.
Procurados, Campolina, a BRZ Trade e o Ministério da Saúde nunca responderam aos questionamentos de O Antagonista sobre o assunto.
Outra pessoa a oferecer vacinas para o governo foi Christian Pinto Faria. Ele foi um dos alvos da Operação Taipan, da Polícia Federal, em março.
Segundo a PF, a operação investiga “um grupo suspeito de oferecer fraudulentamente, ao Ministério da Saúde, 200 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19, em nome de um grande consórcio farmacêutico”.
Ainda segundo a PF, “ao menos dois indivíduos, por meio de duas empresas, apresentaram credenciais falsas afirmando terem exclusividade para a comercialização do lote de vacinas”.
Ao Estadão e à TV Cultura, Christian Faria disse ter sido vítima de um golpe.
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