Dominguetti insistiu para levar a Bolsonaro oferta de 400 milhões de doses
Mensagens obtidas pela CPI da Covid após a apreensão do celular de Luiz Paulo Dominguetti mostram que ele insistiu que a proposta de 400 milhões de doses da AstraZeneca fosse apresentada a Jair Bolsonaro após o suposto pedido de propina...
Mensagens obtidas pela CPI da Covid após a apreensão do celular de Luiz Paulo Dominguetti mostram que ele insistiu que a proposta de 400 milhões de doses da AstraZeneca fosse apresentada a Jair Bolsonaro após o suposto pedido de propina.
O PM, que tentou vender vacinas ao governo, negociou com o reverendo Amilton Gomes de Paula, da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) para ser o interlocutor do negócio junto ao presidente da República. Em uma das mensagens, Dominguetti garantiu “ter acesso ao presidente”.
A expectativa do PM era que o reverendo se reunisse com o presidente em 15 de março, dia em que Silas Malafaia e outros líderes evangélicos estiveram no Palácio do Planalto.
Em mensagens a Dominguetti, alguns interlocutores, como “Renato Compra Vacinas“, garantem que o reverendo estivera em contato com Bolsonaro. A O Globo, Amilton, no entanto, negou ter comparecido à reunião.
“Ele não tinha agenda conosco, estava um preparativo de líderes religiosos mas foi suspensa essa agenda.”
À CPI, Dominguetti reafirmou ter recebido de Roberto Ferreira Dias, então diretor de logística do Ministério da Saúde, um pedido de propina de US$ 1 por dose em um jantar no dia 25 de fevereiro. Dias negou a acusação e disse que descartou a proposta porque a empresa supostamente representada por Dominguetti, a Davati Medical Supply, não tinha aval para negociar doses de AstraZeneca.
Após esse encontro no fim de fevereiro, Dominguetti teria insistido em levar sua proposta ao governo. O PM teria negociado com a Senah e com Amilton na expectativa de que, por meio do líder religioso, Bolsonaro soubesse da oferta. O reverendo foi autorizado pelo Ministério da Saúde a negociar com a Davati.
Em março, no entanto, após avanço das negociações, interlocutores de Amilton cobraram Dominguetti diversas vezes sobre um documento que esclarecesse que o PM tinha autorização da AstraZeneca para vender as doses. Segundo o reverendo, Dominguetti não apresentou nada, o que “desgastou” as conversas.
No início de março, Dominguetti afirmou a um contato chamado “Amauri Vacinas Embaixada”, que se apresentou como interlocutor do reverendo Amilton, que “o presidente estava apertando o reverendo“, informação que teria recebido de um amigo.
“Temos acesso ao presidente“, disse o PM em 8 de março, período em que os dois conversam diversas vezes sobre o possível encontro com Bolsonaro, que previam ocorrer em 15 de março.
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