Dia do Professor: realidade precária e promessas políticas vazias
Desafios da educação no Dia do Professor: precariedade, números e balanço das gestões recentes
Neste Dia do Professor, celebrado em 15 de outubro, o cenário educacional brasileiro continua marcado por desafios estruturais profundos.
Segundo dados do Censo Escolar 2023, mais de 20% das escolas públicas brasileiras não possuem acesso à internet, e 42% carecem de laboratórios de ciência. Além disso, quase 40% das unidades de ensino não têm biblioteca ou sala de leitura. A precariedade é especialmente visível nas regiões Norte e Nordeste, onde o déficit de infraestrutura é maior.
A pandemia de COVID-19, que interrompeu as aulas presenciais entre 2020 e 2021, agravou as desigualdades educacionais. Estima-se que mais de 5 milhões de alunos ficaram sem acesso adequado ao ensino remoto devido à falta de equipamentos e conexão de internet. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2021 registrou uma estagnação no ensino fundamental, com a nota média nacional se mantendo em 4,9, abaixo da meta de 5,2.
Outro fator preocupante é a defasagem na formação dos professores. Apenas 51% dos docentes no Brasil possuem formação adequada à disciplina que lecionam, segundo o Ministério da Educação.
Além disso, o salário médio de um professor da rede pública é de aproximadamente R$ 4.000, inferior ao de outras categorias com o mesmo nível de formação. Essa situação contribui para a falta de atratividade da carreira docente, que enfrenta queda no número de ingressantes nos cursos de licenciatura.
O governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) teve como um de seus marcos na educação a implementação do Novo Ensino Médio, que buscou reformular o currículo para atender às demandas do mercado de trabalho. No entanto, sua gestão foi marcada por cortes orçamentários. Em 2021, o orçamento do MEC sofreu uma redução de R$ 3,9 bilhões, afetando principalmente universidades federais e institutos de pesquisa. A falta de coordenação durante a pandemia também gerou críticas, com dificuldades na transição para o ensino remoto.
Com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023, o governo anunciou um aumento de R$ 11 bilhões no orçamento da educação, voltando a priorizar o investimento no ensino básico. Entre as novas iniciativas estão o Programa Escola em Tempo Integral, que busca ampliar a jornada escolar para reduzir a evasão, e a revisão do Novo Ensino Médio, com o objetivo de torná-lo mais flexível e adequado à realidade das escolas públicas. No entanto, a execução dos programas tem enfrentado dificuldades. Até agora, apenas 8% das escolas adotaram o modelo de ensino em tempo integral, conforme prometido pelo governo.
Os desafios da educação brasileira, portanto, continuam. O índice de evasão escolar no ensino médio, que atinge 8,3% dos alunos, e o analfabetismo funcional, que afeta 29% da população adulta, revelam que o caminho para uma educação de qualidade ainda é longo.
Neste Dia do Professor, mais do que celebrar, é necessário reforçar a urgência de reformas profundas e investimentos consistentes para transformar a realidade das escolas no Brasil.
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