Desvio de dinheiro e financiamento do 8/1: as acusações contra Gayer
Segundo a PF, Gayer teria cometido os crimes de desvio de verbas públicas, peculato, falsificação de documentos e associação criminosa
Uma representação da Polícia Federal enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) aponta que o deputado Gustavo Gayer (PL-GO, foto) teria atuado em conjunto com o empresário goiano João Paulo Cavalcante para desviar recursos públicos e financiar o 8 de janeiro. Segundo análise da PF, Gayer teria cometido os crimes de desvio de verbas públicas, peculato, falsificação de documentos e associação criminosa. O relator dos casos relacionados ao 8 de janeiro, ministro Alexandre de Moraes, enviou à Procuradoria Geral da República (PGR) um parecer com base nas informações da PF e determinou a continuidade das investigações.
Moraes afirmou que Gayer é “apontado nas investigações como peça central da associação criminosa investigada e autor intelectual dos possíveis crimes […], sendo o responsável por direcionar as verbas parlamentares para atividades privadas que visavam promover atos antidemocráticos, além de autorizar a participação dos demais integrantes do grupo nessas ações”.
Ele completou: “Após a análise do celular apreendido em poder de João Paulo de Souza Cavalcante, a Polícia Federal obteve elementos que indicam o desvio de recursos públicos para a prática dos atos antidemocráticos, atividade conduzida em conjunto com o deputado federal Gustavo Gayer Machado de Araújo”.
Celulares apreendidos
As investigações também revelam supostas irregularidades na relação entre Gayer e o empresário investigado. Os celulares de ambos foram apreendidos, e, a partir dessa apreensão, a Polícia Federal encontrou indícios de que a empresa de João Paulo, a Goiás Online, foi contratada pelo gabinete do deputado federal para contornar uma vedação legal à sua contratação como assessor parlamentar. João Paulo estava impedido de ser nomeado na Câmara dos Deputados por não atender aos requisitos necessários para o cargo de assessor parlamentar.
Outro ponto levantado pela PF é que a empresa “Goiás Online”, que deveria fornecer serviços de publicidade e marketing, na verdade, gerenciava a agenda do parlamentar, contrariando o conteúdo das notas fiscais apresentadas à Câmara dos Deputados.
A polícia afirma ainda que o deputado, com o apoio de seus assessores, adquiriu uma associação comercial desativada com o objetivo de transformá-la em uma Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), visando captar verbas de emendas parlamentares. A investigação sugere que existem indícios de pelo menos duas práticas distintas de falsificação de documentos particulares relacionadas a essa associação.
A atuação do grupo se dividiria em dois núcleos: o primeiro, composto por assessores, e o segundo, ligado a um contador, com o objetivo de operacionalizar associações de fachada ou “laranjas”.
“Essas entidades seriam utilizadas para viabilizar o desvio de recursos públicos, sendo essa operação conduzida pelo núcleo associativo diretamente vinculado ao gabinete do deputado”, conclui a PF.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)