Desfile de blindados de Bolsonaro lembra Newton Cruz em 1984
O desfile de blindados previsto para esta terça-feira (10), para que Jair Bolsonaro possa brincar de golpe, lembra um episódio dos estertores da ditadura militar no Brasil...
O desfile de blindados previsto para esta terça-feira (10), para que Jair Bolsonaro possa brincar de golpe, lembra um episódio dos estertores da ditadura militar no Brasil, registra Lauro Jardim.
Em 23 de abril de 1984, dois dias antes da votação da emenda Dante de Oliveira —que, se aprovada, restabeleceria a eleição presidencial direta no Brasil—, Newton Cruz, o comandante militar do Planalto, desfilou pela Esplanada dos Ministérios.
Conhecido pela truculência, o general (na foto), montado em um cavalo branco, chefiava um comboio de 6.000 militares e 116 tanques e carros de combate.
A emenda foi derrotada no Congresso —faltaram apenas 22 votos para aprová-la. Mas o regime militar estava nas últimas: em janeiro do ano seguinte, o civil e oposicionista Tancredo Neves foi eleito presidente pelo Congresso, e as diretas presidenciais retornariam em 1989.
Newton Cruz (ainda vivo, aos 96 anos) e Jair Bolsonaro têm em comum mais que o gosto por desfilar com tanques.
O general da ditadura foi testemunha de defesa do atual presidente no Superior Tribunal Militar, no processo em que Bolsonaro era acusado de planejar a explosão de bombas em quartéis do Rio —o então capitão do Exército foi absolvido.
E o próprio Cruz foi acusado de envolvimento no atentado malogrado do Riocentro, em 30 de abril de 1981, durante um show musical que reuniu cerca de 20 mil pessoas para comemorar o 1º de Maio. No estacionamento do centro de convenções, uma bomba explodiu num carro que levava dois militares do DOI-Codi, matando um deles e ferindo gravemente o outro.
Chefe do SNI naquela época, o general foi acusado de ter dado aval ao ataque e chegou a ser indiciado. O caso, porém, foi arquivado pelo STM em 2000.
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