Dengue sorotipo 3 é detectada em Pernambuco após 15 anos
O estado de Pernambuco teve a confirmação de quatro casos de dengue causados pelo sorotipo 3 do vírus (DENV-3), uma versão que não era identificada há mais de 15 anos entre os municípios pernambucanos...
O estado de Pernambuco teve a confirmação de quatro casos de dengue causados pelo sorotipo 3 do vírus (DENV-3), uma versão que não era identificada há mais de 15 anos entre os municípios pernambucanos.
As amostras foram analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) e confirmadas pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).
De acordo com o Lacen, todos os quatro casos foram identificados na cidade de Paulista, localizada a cerca de 15 km da capital Recife. Além disso, as amostras pertencem a pessoas que residem no mesmo endereço. A circulação dos sorotipos em território nacional já vinha sendo percebida nos últimos meses.
O município de Votuporanga, a 520 km da capital de São Paulo, também confirmou, na semana passada, quatro casos de dengue causados pelo sorotipo 3. Esses foram os primeiros registros em ao menos 15 anos no estado. Todas as pacientes eram mulheres que viviam no mesmo bairro, sem indícios de terem viajado para fora da cidade, o que indica a circulação do DENV-3 na região.
Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina confirmou o registro de um caso. O paciente foi identificado na região da Foz do Rio Itajaí, em uma amostra de um paciente vindo de outro país.
Os sorotipos da dengue são quatro: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Quando uma pessoa é contaminada por um deles, ela adquire imunidade contra a mesma versão, mas continua suscetível aos outros. No Brasil, os casos são predominantemente causados pelos sorotipos 1 e 2, que se revezam, embora existam relatos das outras versões.
Segundo o Ministério da Saúde, neste ano foram identificados casos dos sorotipos 1, 2 e 3 no país. A maioria dos estados apresenta circulação concomitante dos sorotipos 1 e 2, mas Roraima, Acre e Pará têm circulação dos três sorotipos.
A Fiocruz já havia alertado sobre a possibilidade de ressurgimento do sorotipo 3 com mais força. Há mais de 15 anos ele não circula de forma significativa no Brasil. Os riscos aumentados são porque a disseminação dessa versão do vírus entre os estados encontraria uma população com baixa imunidade contra ele, já que as últimas infecções ocorreram no início dos anos 2000.
A nova identificação em Pernambuco levou o estado a antecipar o Plano de Contingência das Arboviroses para o próximo ano.
É importante ressaltar que, diferente do Chikungunya e Zika, que possuem apenas um sorotipo e infectam as pessoas apenas uma vez. Pessoas que já tiveram outros sorotipos, em outras circunstâncias, ficam mais vulneráveis a desenvolver a dengue em sua forma mais grave.
Pernambuco já contabiliza 8.871 casos prováveis de dengue neste ano, além de 49 casos graves e com sinais de alarme e 3 mortes. No país, foram registrados 1,66 milhão de casos prováveis de dengue no mesmo período, com 24.109 casos graves e com sinais de alarme e 1.037 óbitos. Esse é o segundo ano com maior número de mortes por dengue na série histórica do Ministério da Saúde.
Vale relembrar que, o governo do presidente Lula recusou a utilização da vacina contra a dengue desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, conhecida como Qdenga.
A vacina Qdenga, também conhecida como TAK-003, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março deste ano para uso no Brasil em pessoas de 4 a 60 anos, independentemente de já terem sido infectadas pelo vírus ou não. Desde julho, a vacina está disponível em clínicas particulares.
No entanto, o laboratório responsável solicitou ao Ministério da Saúde a inclusão da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS). A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec) tem até 180 dias para avaliar o custo-benefício do imunizante e recomendar sua inclusão no Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Em julho, o Ministério da Saúde disse que a vacina contra a dengue produzida pelo laboratório japonês Takeda, autorizada pela Anvisa, ainda precisava de análise e que ela pode demorar até um ano para ser incorporada ao sistema público.
O governo irá priorizar uma vacina que está sendo produzida pelo Instituto Butantan desde 2009. O imunizante sequer teve a pesquisa finalizada e pode ser liberado pela Anvisa apenas em 2025.
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