Delgatti pediu emprego no PL, confirma Valdemar Costa Neto
O político é testemunha no processo que investiga a participação da deputada Carla Zambelli no caso da invasão ao sistema do CNJ
O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, foi arrolado como testemunha ao processo que investiga a suposta participação da deputada Carla Zambelli (PL-SP) no caso da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), crime que o hacker Walter Delgatti confessa ter cometido e acusa Zambelli de ser a mandante.
A guerra de narrativas entre Zambelli e Delgatti evolvendo o caso não é de hoje. No Congresso Nacional, durante participação na CPMI do 8 de janeiro, o hacker afirmou que Zambelli teria prometido um emprego a ele na campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião do depoimento de Delgatti, Zambelli negou que teria tentado intervir em favor do hacker perante a cúpula do PL.
Péssima impressão
Segundo Valdemar, o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, se ofereceu para ser contratado pela administração do partido e receber a remuneração no lugar de Delgatti. “Tive uma péssima impressão do advogado dele”, disse o político em sala virtual, na presença de Delgatti e Moreira.
Valdemar diz que foi surpreendido com o pedido de emprego e que a deputada Carla Zambelli, que acompanhou a dupla até o gabinete, teria acenado negativamente com a cabeça, reprovando o pedido pelo ingresso nos quadros do PL.
“Eu não sabia que ele tinha vindo aqui para procurar emprego. O advogado dele disse que poderia receber [o salário] no lugar dele. Eu sabia que ele não poderia trabalhar aqui [no PL] porque teve todos esses problemas com a Justiça, e a Carla, que estava sentada um pouco mais atrás, balançou a cabeça dizendo que não”.
Ainda durante a audiência, o advogado de Delgatti afirmou que o presidente do PL tentou encaixar o hacker no marketing da campanha de Bolsonaro e questionou: “Por que o senhor ligou para o seu marqueteiro?”.
“Eu liguei para o Duda Lima porque eu queria me livrar dos senhores. Para vocês irem embora da minha sala. Eu tive uma péssima impressão de vocês“, rebateu o político. Moreira disse que a péssima impressão que recebeu de Valdemar “foi recíproca”.
No banco dos réus
Como mostramos, Carla Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto viraram réus pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que fabricou um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Primeira Turma do STF aceitou, nesta terça-feira, 21 de maio, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Zambelli e Delgatti. A decisão foi unânime.
Moraes foi o relator do caso e foi seguido pelos outros ministros da turma, que são Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux.
A denúncia da PGR é pela prática de dez crimes: sete do artigo 154-A e parágrafo 2 do Código Penal, por invasão de dispositivo informático, e três do artigo 299 do Código Penal, por falsidade ideológica.
Em 4 de janeiro de 2023, Walter Delgatti inseriu documentos falsos no sistema do CNJ, como um mandado de prisão contra Moraes.
Na votação da Primeira Turma do STF concluída nesta terça, o ministro afirmou que a fabricação da ordem de prisão foi uma “burrice”. Já Cármen Lúcia a descreveu como “desinteligência natural”.
Preso em agosto, Delgatti confessou a invasão, acusando Zambelli de ser a mandante. À PF, o hacker afirmou ter recebido 40 mil reais pelos serviços.
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