Delegada diz que ainda há risco de interferência na extradição de Allan dos Santos
A delegada da Polícia Federal Denisse Ribeiro, responsável pelo inquérito das milícias digitais, afirmou em despacho que ainda há risco de interferência do Ministério da Justiça no processo de extradição do influenciador bolsonarista Allan dos Santos (foto). O documento, datado de 29 de novembro, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (7)...
A delegada da Polícia Federal Denisse Ribeiro, responsável pelo inquérito das milícias digitais, afirmou em despacho que ainda há risco de interferência do Ministério da Justiça no processo de extradição do influenciador bolsonarista Allan dos Santos (foto). O documento, datado de 29 de novembro, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (7).
“Embora se considere a fragilidade da repercussão criminal nas condutas até aqui realizadas, permanece ainda latente o risco de ocorrência de novos eventos com potencial de causar prejuízo ao fluxo normal da apuração”, disse a delegada.
Segundo a PF, como o processo de extradição está em andamento e uma nova atuação do Ministério da Justiça poderá ser necessária, ainda há chance de interferência.
“Considerando que as investigações estão em curso e que as medidas relativas à extradição ativa de Allan dos Santos abrem o caminho para que novas ações ou omissões, no âmbito da Secretaria Nacional de Justiça, prejudiquem a tramitação da extradição, diante da possibilidade de eventual pedido de complemento de informações, ou por inobservância de prazos, ou por retardo nas comunicações aos órgãos executores”, afirmou a delegada.
Em depoimentos prestados à Polícia Federal, três funcionários do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) relataram pressões da cúpula do Ministério da Justiça durante o processo de extradição.
O secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, é suspeito de ter feito um ofício pedindo para alterar o fluxo do procedimento de extradição para ter acesso as informações. Santini negou ter tentado interferir no processo.
Em depoimento à PF, a chefe demitida do DRCI, Silvia Amélia, disse que, em conversa, o secretário afirmou que “a ausência de informação sobre o caso do Allan dos Santos causou um desconforto para o próprio secretário e para o Ministério da Justiça”.
O coordenador de extradição do DRCI, Rodrigo Sagastume, afirmou que Santini convocou uma reunião na qual reclamou que “gostaria de ter sido avisado sobre o processo de extradição de Allan dos Santos”. “O depoente teve a percepção que a reunião da tarde foi esvaziada diante do fato de que o processo de extradição de Allan dos Santos já havia sido remetido ao MRE, restando apenas o alerta de que novos casos sensíveis fossem reportados ao secretário”, afirmou no depoimento.
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