Delator da Odebrecht representa J&F em reuniões com o governo Lula
João Carlos Mariz Nogueira foi contratado como diretor de relações internacionais da área de novos negócios do grupo dos irmãos Batista
A J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, contratou João Carlos Mariz Nogueira, delator de irregularidades da Odebrecht, atual Novonor, em gestões do PT, como diretor de relações internacionais da área de novos negócios do grupo. Em seu novo cargo, Nogueira tem participado de reuniões do grupo com integrantes do governo Lula, publicou a Folha de S.Paulo.
Como Crusoé mostrou na raiz, nas reportagens “De volta para o passado” e “Um choque de anticapitalismo”, Lula e os irmãos Batista têm protagonizado a reprise dos piores vícios das gestões petistas anteriores.
Segundo o jornal, Nogueira se tornou uma presença constante na sede do Poder Executivo desde o início da nova gestão do petista. O nome dele não consta nos registros de 2018 a 2022.
Frequência
O novo diretor de relações internacionais da J&F esteve no Palácio do Planalto em ao menos 14 vezes entre 2023 e 2024. O nome dele é citado em agendas de autoridades em cinco datas.
A primeira ida de Nogueira à sede do Executivo ocorreu ainda no início de 2023, em 2 de fevereiro.
Em 21 de março de 2023, ele representou o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon) em um encontro com o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom).
O encontro foi classificado por Pimenta como uma “visita de cortesia”.
Nogueira também representou a entidade em julho de 2023. Desta vez, ele participou de uma reunião com ministro Vinícius Marques de Carvalho, da Controladoria-Geral da União.
De acordo com a CGU, a visita teve caráter institucional.
O delator da Odebrecht foi ao Planalto em pelo menos outras seis ocasiões em 2023. Todas foram para atividades fora da agenda de autoridades.
Visitas continuaram em 2024
Em 1º e 23 de fevereiro de 2024, Nogueira registrou a entrada no Palácio do Planalto no mesmo horário dos irmãos Batista.
Os acionistas da J&F se reuniram com o assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, responsável pelo Itamaraty paralelo.
Segundo a Secom, no entanto, Nogueira não acompanhou a conversa.
De março a maio, ele fez quatro reuniões com Audo Faleiro, adjunto de Amorim, para tratar dos investimentos da J&F na Venezuela e América Latina.
Leia mais: As reuniões fora da agenda dos irmãos Batista no Planalto
O que diz a J&F sobre a atuação do ex-delator da Odebrecht?
À Folha, a holding dos irmãos Batista afirmou que João Carlos Mariz Nogueira “representou a empresa em reuniões em que apresentou investimentos realizados em petróleo, gás e energia na Argentina e na Bolívia e planos para estes e outros países da América Latina, todos já públicos”.
A delação
A delação de João Carlos Mariz Nogueira é citada na denúncia da Lava Jato contra Lula e Dilma Rousseff (PT) referente ao escândalo conhecido como “quadrilhão do PT”.
Em 2017, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou os integrantes do partido de participarem de um suposto esquema de propinas, que rendeu 1,48 bilhão de reais à cúpula da legenda entre 2002 e 2016.
Lula e Dilma Rousseff foram absolvidos em 2019.
Nogueira responde por ação de improbidade no caso em que Marcelo Odebrecht e o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Fernando Pimentel (PT) se tornaram réus.
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