Cristiane Brasil: “Senti medo de andar nas ruas, de apanhar”
Em entrevista a Diego Amorim, de O Antagonista, na semana em que o Ministério do Trabalho virou apenas uma hipótese que não se concretizou, a deputada Cristiane Brasil disse que, enquanto não havia uma definição sobre o caso, sentiu medo "de andar nas ruas, de apanhar". Nesse período, a parlamentar só saía de casa acompanhada de assessores...
Em entrevista a Diego Amorim, de O Antagonista, na semana em que o Ministério do Trabalho virou apenas uma hipótese que não se concretizou, a deputada Cristiane Brasil disse que, enquanto não havia uma definição sobre o caso, sentiu medo “de andar nas ruas, de apanhar”.
Nesse período, a parlamentar só saía de casa acompanhada de assessores e usando boné, óculos e casaco.
“Fui vítima de ataques contra minha honra pessoal, fui chamada dos piores adjetivos possíveis. Perdi meus cabelos, perdi a paz. As pessoas estão revoltadas com a política, com os políticos de uma maneira geral. E estão extravasando isso.”
Cristiane acredita que “um movimento de esquerda” levantou-se contra ela pelo fato de ser filha de Roberto Jefferson — delator do mensalão do PT — e ter sido indicada pelo governo de Michel Temer, “ilegítimo, na opinião deles”.
“Muitas críticas não foram dirigidas a mim, mas ao presidente Temer, ao governo, ao meu pai. Fui um marisco nessa guerra entre o rochedo e o mar. Qualquer pessoa que o Temer indicar será bombardeada.”
Embora uma lugar na Esplanada não seja mais possibilidade, a parlamentar afirmou que seus advogados continuarão trabalhando. Ao contrário de lideranças de seu partido, o PTB, Cristiane não avalia, por exemplo, que tenha sido “um erro” insistir tanto tempo em sua nomeação.
“Lutaria até o fim pelo direito de ser indicada a qualquer cargo que mereça e que esteja apta para ser indicada. Fui escolhida por meus méritos. O Judiciário não é dono do país, não pode nomear ministros.”
Questionada se não imaginou que as duas condenações trabalhistas seriam um entrave, ela respondeu:
“São coisas completamente distintas. Justiça do Trabalho é uma coisa, Ministério do Trabalho é outra. Executivo é uma coisa, Judiciário é outra. Moral pessoal é uma coisa, moralidade administrativa é outra. O que aconteceu ali [nas duas condenações] aconteceu na minha esfera pessoal.”
A deputada disse questionar o mérito das duas ações, mas acrescentou que “se calou após as sentenças” e pagou os 66 mil reais, ao todo, aos dois ex-motoristas. “Estou resolvida com a Justiça trabalhista. Não devo mais nada.”
Sobre a ação no Ministério Público Federal em que é investigada por associação ao tráfico durante a campanha de 2010, quando trabalhou para seu ex-cunhado Marcus Vinicius, o “Nescau”, eleito deputado estadual, ela afirmou: “Talvez essa seja a maior injustiça. Falar que tenho ligação com o tráfico é uma maldade sem fim. Todo mundo sabe que, em campanha, quando se quer prejudicar alguém, vai lá e faz uma denúncia.”
Quanto aos áudios de reuniões em que dizia que caso as pessoas não conseguissem votos para ela poderiam perder o emprego, a deputada comentou:
“Sempre tive uma relação carinhosa, amistosa e informal com as pessoas que trabalham comigo. Ninguém escutou ali: ‘Vocês são obrigados a trabalhar para mim, vocês são obrigados a pedir voto para mim’. Eu pedia ajuda, porque, de fato, se não conseguisse me eleger, não conseguiria garantir o emprego das pessoas. E é verdade. Só falei o óbvio. Se somos uma pirâmide e eu estou no topo, preciso continuar em cima para garantir toda a estrutura abaixo. Eu falei o óbvio. Não foi crime eleitoral nem falta de ética.”
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