Crise no PCC: Tiriça, Vida Loka e Andinho fora
Ministério Público de São Paulo apura um suposto racha entre as lideranças de uma das maiores facções criminosas do país
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) está apurando um suposto racha entre as lideranças de uma das maiores facções criminosas do país.
Segundo informações interceptadas pelo Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), membros da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) comunicaram a expulsão de três integrantes de alto escalão da organização: Roberto Soriano, conhecido como Tiriça, Abel Pacheco de Andrade (Vida Loka), e Wanderson Nilton de Paula Lima (Andinho).
Sentença de morte
De acordo com o texto interceptado em 15 de fevereiro e divulgado pela Agência Brasil nesta quinta-feira, 22, os autores da mensagem justificam a exclusão dos três membros por calúnia e traição. Na linguagem do crime organizado, a expressão “decretar” significa uma sentença de morte.
A mensagem interceptada pelo Gaeco é assinada por S.F., possivelmente uma referência ao termo “Sintonia Fina“, usado pelo PCC para designar os membros responsáveis por coordenar as ações internas e os comunicados dentro da organização. Órgãos públicos já utilizaram esse termo para batizar operações contra a facção.
A partir dessa mensagem, é possível entender que a suposta expulsão de Tiriça, Abel e Andinho teve origem na divulgação de áudios contendo trechos de uma conversa entre o líder mais conhecido do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola (foto), e policiais penais federais.
Um trecho dessa conversa, em que Marcola classifica o segundo homem no comando da facção como um psicopata, foi usado no julgamento que resultou na condenação de Tiriça a 31 anos e 6 meses de prisão por ordenar o assassinato da psicóloga Melissa Almeida, ocorrido em maio de 2017.
Na época, Tiriça estava cumprindo pena na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), onde Melissa trabalhava. Atualmente, ele está detido na unidade federal de segurança máxima de Brasília (DF).
Gravação da conversa
A conversa entre Marcola e os agentes penais teria sido gravada na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). Marcola cumpre pena no presídio federal em Mossoró (RN), de onde dois presos conseguiram fugir no último dia 14.
Segundo informações presentes na mensagem interceptada, a promotoria utilizou essa gravação para criar um cenário e divulgar informações conforme sua conveniência, com o intuito de gerar divisões dentro da organização.
Diante desse contexto, Tiriça, Abel e Andinho foram expulsos da facção e receberam ameaças de morte. Como resposta, eles se uniram contra Marcola, jurando vingança.
Comando Vermelho diz que ‘venceu’ o PCC no Acre
Um contexto de violência e crime organizado tomou forma no Acre, à medida que as facções criminosas paulistas e cariocas, PCC e CV (Comando Vermelho), consolidaram a sua presença no estado, enquanto expandiam o seu mercado de drogas.
Segundo investigações, as facções chegaram ao Acre em 2011. Inicialmente, mantinham um acordo de não agressão que durou até 2016. A ruptura deste pacto veio com a morte do traficante Jorge Rafaat Toumani, conhecido como o rei do tráfico, num assassinato arquitetado pelo PCC no Paraguai.
CV visa a Amazônia
Com a situação, o Comando Vermelho sentiu a necessidade de dominar a região amazônica para garantir o seu acesso à fronteira, segundo Bernardo Albano, coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-AC (Ministério Público do Acre).
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