Crise hídrica no Amazonas
A ANA declara escassez hídrica nos rios do sudoeste do Amazonas e reforça ações de monitoramento e prevenção até 30 de novembro
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) emitiu uma declaração de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos para os rios Madeira e Purus, bem como seus afluentes no sudoeste do Amazonas. A medida tem como objetivo intensificar o monitoramento hidrológico dessas bacias, avaliar os impactos sobre os diversos usos da água e propor ações preventivas em conjunto com diferentes setores usuários de água. Essa situação de escassez está prevista para durar até o dia 30 de novembro.
A região Norte do Brasil enfrenta uma seca severa que está comprometendo o abastecimento de água e o transporte aquaviário em várias áreas da Amazônia. Durante o período chuvoso, que vai de novembro a abril, a quantidade de chuva acumulada nas bacias dos rios Madeira e Purus ficou abaixo da média, tendência que persiste no atual período seco.
A ANA destaca que os cenários hidrometeorológicos deste ano sugerem a possibilidade de níveis críticos de água similares ou até piores que os enfrentados no ano anterior. “As anomalias negativas de chuva afetaram os níveis dos rios da região, que se mantêm próximos aos valores mínimos históricos. Como resultado, os usos da água estão sendo impactados, especialmente aqueles que dependem de níveis adequados nos corpos hídricos, como a navegação e a geração hidrelétrica”, alerta a agência.
Impactos da crise no transporte e na geração de energia
O transporte aquaviário é vital para o desenvolvimento econômico e social da região amazônica, especialmente na Hidrovia do Rio Madeira, essencial para o escoamento de cargas agrícolas, alimentos, medicamentos e combustíveis. Além disso, os rios são as principais vias de acesso para muitas comunidades amazônicas, permitindo deslocamentos para serviços essenciais como saúde e educação.
“A declaração de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos busca comunicar aos governantes e à população a gravidade da situação de seca na região, permitindo que instituições gestoras e diferentes usuários de recursos hídricos na Bacia do Rio Madeira e do Rio Purus adotem medidas preventivas para mitigar os impactos nos diversos usos da água. Além disso, ela sinaliza que a ANA, se necessário, poderá alterar regras de uso da água e condições de operação de reservatórios estabelecidas em outorgas emitidas pela agência, entre outras medidas”, adverte a ANA.
Crise hídrica no Rio Madeira
Com uma área de drenagem de 1,42 milhão de quilômetros quadrados, sendo 43% em território brasileiro, o Rio Madeira é essencial para a geração de energia e transporte. As usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, localizadas no rio, operam a fio d’água e têm capacidade instalada para gerar até 6,7% da energia do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Além disso, o Rio Madeira é uma importante hidrovia, com um trecho navegável de 1.060 km entre Porto Velho e Itacoatiara (AM), que transportou 6.538.079 toneladas em 2022, representando 9,2% do total transportado por vias interiores no Brasil. O rio também abastece Porto Velho, uma cidade com aproximadamente 460 mil habitantes, e outras comunidades menores.
Rio Purus: riqueza hídrica e desafios de seca
A Bacia do Rio Purus cobre cerca de 368 mil km², com mais de 90% inserida nos estados do Amazonas e Acre, e o restante no Peru.
O rio possui milhares de lagos em uma vasta planície alagável, com paisagens aquáticas que cobrem aproximadamente 40 mil km², situadas inteiramente na zona de florestas tropicais.
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