Crise entre Forças Armadas e Senado pode afetar PMs, diz policial aposentado
Os atritos entre as Forças Armadas e o Senado na semana passada podem afetar as casernas estaduais, onde Jair Bolsonaro tem muito apoio. A análise é de Adilson Paes de Souza, tenente-coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo e doutor em psicologia pela USP...
Os atritos entre as Forças Armadas e o Senado na semana passada podem afetar as casernas estaduais, onde Jair Bolsonaro tem muito apoio. A análise é de Adilson Paes de Souza, tenente-coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo e doutor em psicologia pela USP.
Na última quarta-feira (7), com suspeitas de corrupção esbarrando em militares que atuaram no Ministério da Saúde, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD), falou em “banda podre” das Forças Armadas.
O Ministério da Defesa, então, divulgou uma nota de repúdio no mesmo dia e o comandante da Aeronáutica, em entrevista a O Globo, falou em “alerta às instituições”.
Paes de Souza afirma que “existe uma possibilidade de contágio dentro dos quartéis das policias militares”, porque os ânimos dessas forças de segurança, que atuam constantemente sob pressão e sem estrutura, pode ser “acirrado” a qualquer momento.
O PM aposentado justifica sua opinião embasado em três pesquisas que mostraram o tamanho do apoio que Jair Bolsonaro tem entre os policiais militares.
Uma delas, realizada pelo Instituto Ideia e divulgada no começo deste mês, mostra que o alinhamento é com o presidente é capaz de fazer com que a categoria mude de opinião sobre a segurança da urna eletrônica.
Segundo o estudo, após as eleições, em 2018, 30% dos entrevistados afirmaram que confiavam na urna eletrônica, mas esse percentual caiu pela metade em 2021. Na outra ponta, o grupo com dúvidas sobre a segurança da urna aumentou de 35% para 55%.
Em abril deste ano, outra pesquisa, realizada pelo Instituto Atlas a pedido do Grupo Globo, mostrou que 71% dos PMs votaram em Bolsonaro no segundo turno de 2018, sendo que 81% prometem votar novamente nele em 2022.
Uma terceira pesquisa, publicada em 2020 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, concluiu que, até agosto do ano passado, pelo menos 41% dos soldados, cabos, sargentos e subtenentes das PMs tinham afinidade com Jair Bolsonaro e suas pautas políticas.
Nesse contexto, também é preciso incluir a proteção dada por Bolsonaro e pelas Forças Armadas à transgressão do ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que participou de evento político em apoio ao presidente no Rio de Janeiro, em maio deste ano. Em vez de reprimenda disciplinar, o militar ganhou um cargo.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)