Coronel ligado a Bolsonaro criticou inação e cogitou pressão sobre Lira
Segundo mensagens reveladas pela Polícia Federal, Abreu chegou a cogitar mobilizar manifestantes para pressionar o presidente da Câmara
O coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu, que atuava no Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro, demonstrou frustração com o que considerava ‘inércia’ do então presidente em barrar a posse de Lula. A informação é do jornal O Globo. Segundo mensagens reveladas pela Polícia Federal, Abreu chegou a cogitar mobilizar manifestantes para pressionar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A insatisfação do coronel, que ocupava o cargo de chefe de gabinete do general da reserva Mario Fernandes, veio à tona em áudios recuperados pela Polícia Federal. Fernandes, que na época era secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, foi preso na última semana sob suspeita de envolvimento em um plano que visava assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
No áudio enviado a Fernandes em 19 de dezembro, Abreu relata que orientou manifestantes a se dirigirem ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente. “Pô, eu pedi pro pessoal ir lá pra casa do presidente, lotaram, ficaram três horas lá, ele nem apareceu. Deve tá com vergonha, né?” Apesar da frustração, ele cogitou levar os protestos para a residência de Lira, mas recuou. “Aí pedir pro pessoal ir lá pra casa do Arthur Lira. Aí, pô, eu tô com vergonha de pedir”.
Na mesma gravação, Abreu critica Bolsonaro por não tomar uma posição firme diante da pressão popular: “P#rr&, put# merda. Ele que tenha coragem moral, pelo menos até quinta-feira, falar que não quer mais, né? Pessoal, pelo menos, passar o Natal em casa”. Naquele momento, apoiadores do então presidente estavam acampados em frente a diversos quartéis do país, incluindo o Quartel-General do Exército em Brasília, pedindo um golpe de Estado para impedir a transição de governo.
A fala de Abreu seria comprovação a crescente decepção entre aliados próximos de Bolsonaro no fim de seu mandato, marcada por protestos massivos e uma atmosfera de descontentamento.
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