Como Pazuello, ainda ministro, driblou convocação ao Senado
Até a tarde desta sexta-feira (19), Eduardo Pazuello ainda é ministro. Mas o anúncio do nome de Marcelo Queiroga foi suficiente para driblar uma convocação para depor no Senado...
Até a tarde desta sexta-feira (19), Eduardo Pazuello ainda é ministro. Mas o anúncio do nome de Marcelo Queiroga foi suficiente para driblar uma convocação para depor no Senado.
A Comissão Temporária Covid-19 do Senado aprovou requerimento de convocação de Pazuello nesta segunda (15). Entre outros assuntos, Pazuello deveria falar sobre as medidas do governo federal para evitar um colapso no sistema de saúde e ampliar a capacidade de fornecimento de oxigênio.
Quando a convocação foi aprovada, Ludhmila Hajjar ainda não havia recusado publicamente o convite para o emprego de Pazuello, nem o nome de Marcelo Queiroga havia sido anunciado oficialmente.
Os dias se passaram, mas a exoneração de Pazuello e a nomeação de Queiroga ainda não foram publicadas no Diário Oficial.
Pazuello deveria depor ontem (18) de manhã. A audiência estava marcada para as 9h. Portanto, poderia ter ocorrido normalmente. A notícia da morte de Major Olimpio foi divulgada ontem à tarde, pouco depois das 16h.
Na quarta (17), com o nome de Marcelo Queiroga já anunciado, o presidente da Comissão Temporária Covid-19, Confúcio Moura (MDB-RO), disse à Agência Senado que o novo ministro seria ouvido no dia 25, em Plenário.
Com isso, como mostramos, Pazuello foi dispensado de comparecer.
Procurado por O Antagonista, o senador Moura disse que a assessoria parlamentar do Ministério da Saúde o telefonou, “pedindo então para adiar, porque o ministro seria substituído. E ele não teria muito o que falar mais, porque sendo substituído, não podia fazer respostas, sobre vacinas, sobre calendário (…) Então eu resolvi suspender, comuniquei a todos, e estamos aguardando uma nova data”.
O depoimento de Queiroga também não será mais no dia 25; nesse dia os senadores devem ouvir Paulo Guedes.
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) comentou a manobra a O Antagonista: “O governo lançará mão de todos os ardis possíveis para assegurar a impunidade de Pazuello. Em primeiro lugar, na tentativa de nomeá-lo a um cargo de ministro decorativo, o que seria de todo compatível com sua notória inoperância, não fosse o fato de a intenção, com isso, ser blindá-lo de uma investigação célere ou mesmo do risco de ser alcançado por uma prisão preventiva. Em segundo lugar, na dispensa dessa audiência no Senado, onde seria passada a limpo a ficha corrida de crimes contra a saúde pública que o Ministro cometeu”.
“Só não posso crer que o Senado foi tapeado”, acrescentou Contarato. “É mais fácil supor que se acovardou ou agiu de forma leniente, tomando parte desse estratagema. É lamentável que, depois de tudo, Pazuello possa se tornar mais um exemplo emblemático da impunidade galopante que se pratica no país”.
Na agenda do ainda ministro Pazuello nesta sexta (19), consta o seguinte compromisso: “Processo de transferência de cargo para o futuro ministro da Saúde”, das 14h às 18h.
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