CNBB proíbe padres de disputarem eleições e reforça neutralidade política
Documento da Conferência orienta sobre a atuação de clérigos e o debate político nas igrejas
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou orientações detalhadas sobre a atuação de padres e bispos nas eleições municipais de 2024.
Baseada na Doutrina Social da Igreja e na encíclica Fratelli Tutti, do Papa Francisco, a CNBB reafirma que a Igreja não apoia candidatos diretamente e proíbe a participação de clérigos no processo eleitoral como candidatos, preservando assim sua neutralidade política
Entre os principais pontos abordados no documento, destaca-se a proibição de que padres e bispos se candidatem a cargos públicos. De acordo com o Código de Direito Canônico, no cânone 285 § 3, os clérigos “estão proibidos de assumir cargos públicos que importem a participação no exercício do poder civil”.
Essa norma garante que a missão pastoral dos padres e bispos se mantenha isenta de disputas eleitorais e focada na orientação espiritual dos fiéis. A CNBB também enfatiza que a política deve ser um instrumento para o bem comum, ressaltando valores como justiça social, solidariedade e defesa da vida.
Outro ponto relevante é a recomendação de que as igrejas não sejam utilizadas como palanques eleitorais. A CNBB alerta que o ambiente litúrgico deve ser preservado, evitando que celebrações religiosas sejam politizadas. Contudo, a Conferência incentiva a criação de espaços de reflexão sobre política à luz da fé e da Doutrina Social da Igreja, sempre com o objetivo de formar uma consciência crítica nos eleitores. A encíclica Fratelli Tutti orienta que o debate político deve promover o respeito pela dignidade humana, o combate à corrupção e a inclusão social.
Além disso, a CNBB reforça que, como cidadãos, padres e bispos têm o direito e o dever de votar, mas sem manifestar apoio público a candidatos específicos. O documento destaca que a Igreja, enquanto instituição, mantém uma postura de neutralidade política, orientando os fiéis a votarem de acordo com os valores cristãos e éticos.
“A Igreja adota uma posição de neutralidade política e não apoia diretamente candidatos políticos específicos”, afirma o documento, salientando que a função da Igreja é oferecer orientação moral e ética, sem interferir diretamente nas disputas eleitorais.
Com essas diretrizes, a CNBB busca garantir que a participação dos fiéis no processo eleitoral seja baseada em princípios sólidos, como o cuidado com os mais vulneráveis e a promoção da justiça social. A postura reafirma o compromisso da Igreja com a formação de uma sociedade mais justa e solidária, de acordo com a visão de “boa política” apresentada por Papa Francisco, que valoriza o diálogo, a paz e a reconciliação.
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