CFM bolsonarista divulga moção de repúdio por ‘respeito’ na CPI da Covid
Alinhado a Jair Bolsonaro, o Conselho Federal de Medicina divulgou nesta quarta-feira (2) uma moção de repúdio "em virtude de atitudes adotadas por alguns senadores na condução dos trabalhos" da CPI da Covid...
Alinhado a Jair Bolsonaro, o Conselho Federal de Medicina divulgou nesta quarta-feira (2) uma moção de repúdio “em virtude de atitudes adotadas por alguns senadores na condução dos trabalhos” da CPI da Covid.
O texto não cita nominalmente a médica cloroquiner Nise Yamaguchi, que depôs à comissão ontem, nem as perguntas de Otto Alencar, também médico, que vem sendo alvo de ataques das redes bolsonaristas desde ontem por alegadamente ter desrespeitado a defensora do inexistente “tratamento precoce”.
Na nota, o CFM “vem publicamente manifestar sua indignação quanto a manifestações que revelam ausência de civilidade e respeito no trato de senadores com relação a depoentes e convidados médicos”.
O conselho diz ainda que os médicos chamados a depor vêm sendo “submetidos a situações de constrangimento e humilhação”. “O que tem sido exibido em rede nacional configura situação inaceitável e incoerente com o clima esperado em um ambiente onde as discussões devem se pautar pela transparência e idoneidade.”
Ou seja, o CFM não se indigna nem com as prescrições de cloroquina e ivermectina —ineficazes no tratamento da Covid—, nem com o “gabinete paralelo” ao Ministério da Saúde, nem com o apoio de médicos ao negacionismo do governo Bolsonaro. O problema é questionar os responsáveis por tudo isso.
Leia, abaixo, a íntegra da nota da entidade bolsonarista, assinada também pelos Conselhos Regionais de Medicina de 27 estados.
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“Em defesa do médico, ao respeito e à civilidade na CPI da Pandemia
O Conselho Federal de Medicina (CFM), em nome dos mais de 530 mil médicos brasileiros, vem publicamente manifestar sua indignação quanto a manifestações que revelam ausência de civilidade e respeito no trato de senadores com relação a depoentes e convidados médicos no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.
Os médicos brasileiros têm se desdobrado na Linha de Frente contra a covid-19. Graças a eles e às equipes de saúde, milhões de pessoas conseguiram recuperar sua saúde e hoje estão em casa, com suas famílias e amigos. Essa atuação tem ocorrido com dedicação, empenho e, muitas vezes, sem condições de trabalho. Por isso, merece ser reconhecida de forma individual e coletiva.
São esses mesmos médicos, que estão na Linha de Frente, que buscaram o CFM para manifestar sua insatisfação com a postura de membros da CPI nas oitivas em que profissionais da medicina participam como convidados ou testemunhas. É com eles que o CFM se solidariza nessas críticas.
A classe lamenta que esses médicos chamados a depor estejam sendo submetidos a situações de constrangimento e humilhação. Ao comparecer na CPI da Pandemia, qualquer depoente ou testemunha tem garantidos seus direitos constitucionais, não sendo admissíveis ataques à sua honra e dignidade, por meio de afirmações vexatórias.
No entendimento do CFM, e da classe médica, o que tem sido exibido em rede nacional configura situação inaceitável e incoerente com o clima esperado em um ambiente onde as discussões devem se pautar pela transparência e idoneidade. Em lugar disso, testemunha-se situações que desmoralizam os médicos e as médicas.
Reitere-se que os comentários dessa nota se referem aos médicos e médicas depoentes enquanto indivíduos, não significando apoio aos seus posicionamentos técnicos, éticos, políticos, partidários e ideológicos. Na CPI, eles responderão por suas ações e omissões, as quais, se forem consideradas indevidas, serão alvo de providências por parte do Ministério Público e de outros órgãos competentes.
Assim, o CFM e os 530 mil médicos repudiam veementemente os excessos e abusos no trato de parlamentares em relação aos depoentes e convidados, em especial médicos e médicas, e clama ao Senado Federal que os trabalhos sejam conduzidos com sobriedade para que o País tenha acesso às informações, dados e percepções que permitirão à CPI concluir seus trabalhos de modo efetivo.
Neste sentido, encaminha esse documento ao presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, para que, ciente destes fatos, tome as providências que considerar necessárias.
Brasília, 2 de junho de 2021.”
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