Carta ao leitor de O Antagonista
A história, os valores e os diferenciais deste portal de jornalismo independente e vigilante, que completa 10 anos em janeiro de 2025 e conta com você
Salve, salve!
O Antagonista vai completar 10 anos em janeiro de 2025 e conta com você para aumentar sua base de membros pagantes, a fim de reforçar, em meio à vassalagem geral de influenciadores digitais e profissionais de TV e rádio, o jornalismo independente e vigilante que marcou a história do portal, sempre baseado em fatos objetivos, zelo pela moralidade pública e senso de justiça, sem adesão a grupos políticos de qualquer suposto ponto do espectro ideológico.
Não foi uma década fácil para quem ousou apontar a sujeira e a hipocrisia de todos os Poderes e governos, bem como os interesses e atos comuns que a retórica de cada um deles busca acobertar. Seus porta-vozes faturaram muito mais alto em emissoras amigas do poder de turno, ludibriando massas de manobra com a identificação a causas genéricas, como igualdade, democracia e direitos humanos, ou Deus, pátria e família. Essas emissoras não precisam tanto do apoio de membros pagantes, porque contam com milhões de reais em verbas de publicidade federal e estadual, distribuídas pelos governos que elas bajulam editorialmente.
O Antagonista sempre escolheu o caminho financeiramente mais difícil: o da oposição à servidão voluntária; o da transparência de princípios, valores e critérios; o da honestidade intelectual com seus leitores, ouvintes e espectadores, mesmo quando parte daqueles que cativamos com a vigilância sobre um lado se irrita com a nossa vigilância sobre o outro. Diversas vezes, preferimos colocar a viabilidade do portal em risco a desviar seu caráter, comprometer sua honra, ferir sua credibilidade.
Quando O Antagonista surgiu em janeiro de 2015 como um “site”, ou até “jornal”, Dilma Rousseff, a criatura de Lula, tomava posse como presidente reeleita pelo PT, apesar da crise econômica crescente, do esquema de corrupção na Petrobras revelado pela Operação Lava Jato e do financiamento de ditaduras aliadas com dinheiro do BNDES – tudo que já vinha sendo apontado em outros veículos pela equipe então reunida para antagonizar.
Dos fundadores aos repórteres e colunistas contratados – incluindo eu, Felipe, a partir de maio de 2017 -, essa equipe cumpriu seu dever de expor o que o poder petista e seus tentáculos judiciais, acadêmicos e midiáticos tentavam, e até hoje tentam, esconder: as fraudes fiscais que levaram ao impeachment de Dilma, o compartilhamento de empreiteiros e marqueteiros com Nicolás Maduro, a corrupção sistêmica nas estatais, e os pés de barro de Lula, que acabaria preso em 7 de abril de 2018.
As investigações de corrupção, no entanto, avançaram também sobre o MDB do então presidente Michel Temer e o PSDB do então senador Aécio Neves, expondo não só laços de ambos com o empresário Joesley Batista, mas também a intimidade do tucano com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que, ainda em 2017, passou a defender o fim da prisão em segunda instância, mesmo tendo votado em 2016 a favor da medida, depois derrubada em 2019 com seu voto contrário.
A mudança de posição de Gilmar, que apontava a cleptocracia petista e virou aliado do PT na soltura e na blindagem de Lula, marcou o início da frente ampla pela impunidade, exposta até hoje por O Antagonista e sua revista Crusoé em cada manobra. Era preciso um “acordo com o Supremo, com tudo”, para “estancar a sangria”, como disse o então senador emedebista Romero Jucá em conversa gravada.
Quando um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro apontou os esquemas de peculato (“rachadinha”) no gabinete de Flávio Bolsonaro, seu pai, Jair Bolsonaro, eleito presidente em 2018 com um discurso anticorrupção, passou a integrar essa mesma frente ampla, ajudando a turbinar a impunidade geral com o fim da Lava Jato, como O Antagonista e Crusoé também apontaram desde a raiz, noticiando acordos do bolsonarismo com o ministro do STF Dias Toffoli e a blindagem mútua que resultou na paralisação das investigações sobre Flávio e na sabotagem da CPI da Lava Toga. Nem as imagens do abraço de Jair Bolsonaro e Toffoli, no entanto, fizeram adesistas do bolsonarismo admitirem a contribuição do “mito” para o cenário de relativização da roubalheira que tornaria possível a volta de Lula ao poder e do Brasil ao passado, com Joesley e tudo.
Claro que O Antagonista e Crusoé pagaram o preço da sinceridade. Associado à “direita” em razão de ter nascido vigiando os governos petistas, o portal que havia coberto a ascensão de Bolsonaro sem a histeria esquerdista diante de pautas legítimas, como o repúdio majoritário à legalização das drogas e do aborto, nem o deslumbramento de reacionários aloprados com um defensor estatista da ditadura militar, ligado ao Centrão, agora era associado à “esquerda” por ousar vigiar o governo do “enviado de Deus”.
Isto também se deve a um fator evidente: poucas vozes no mercado da comunicação e nas redes sociais estão dispostas a refutar narrativas e a resistir aos excessos de ambos os lados das forças políticas e judiciais atualmente. Muitas estão mais do que dispostas a criticar um lado, mas permanecem visivelmente silenciosas quando o outro merece condenação.
Não podemos controlar como outros veículos, profissionais e influenciadores respondem a esse momento de paixões e ódios que afetam as consciências individuais. Mas podemos reiterar o compromisso de sermos honestos com você, expondo a verdade sobre o que acontece no Brasil e no resto do mundo, sem um viés que distorça o noticiário e vulgarize a análise. Mantivemos essa essência nas trocas de gestão e, com a expansão da nossa cobertura para áreas como esporte, entretenimento, tecnologia e inovação, buscamos levá-la a outros temas.
Nosso lado sempre foi e continua sendo o da civilização contra o terror, o crime organizado e os crimes de colarinho branco; da experiência humana acumulada contra rompantes revolucionários e reacionários; da separação e da independência entre os Poderes; das liberdades de expressão, crítica e imprensa; dos fatos objetivos e da argumentação fundamentada; da transparência contra a obscuridade; da leveza e da irreverência contra as poses e afetações; do jornalismo íntegro contra os propagandistas do “nós contra eles”.
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Ao longo dessa trajetória, enfrentamos os obstáculos tradicionais de se empreender no Brasil e, também, militâncias organizadas, censura do STF, receio de empresários em investir em veículos que incomodam o poder, e mudanças tecnológicas que demandam a nossa readaptação aos novos critérios de ranqueamento dos resultados de busca.
Mesmo assim, atingimos dezenas de milhões de ‘pageviews’ mensais, vencemos prêmios, criamos podcasts e programas audiovisuais, e emplacamos o Papo Antagonista na TV BM&C.
Nossa parceria mais consistente é com o nosso público, ou seja, com você que nos acompanha.
Vamos juntos fazer a diferença.
Forte abraço e muito obrigado,
Felipe Moura Brasil
Diretor de Jornalismo de O Antagonista e Crusoé
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