Carla Zambelli, a soldadinha de chumbo
A deputada federal Carla Zambelli é uma das parlamentares mais próximas do presidente Jair Bolsonaro e se tornou personagem constante de boa parte dos acontecimentos polêmicos em 2020 envolvendo o governo. Em abril, trocas de mensagens com o ex-ministro...
A deputada federal Carla Zambelli é uma das parlamentares mais próximas do presidente Jair Bolsonaro e se tornou personagem constante de boa parte dos acontecimentos polêmicos em 2020 envolvendo o governo.
Em abril, mensagens trocadas com o ex-ministro Sergio Moro mostraram que a deputada tentou convencê-lo a permanecer no governo, em meio à crise envolvendo a demissão do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.
A deputada chegou a falar sobre a possibilidade de Moro ser indicado por Bolsonaro a ministro do Supremo Tribunal Federal: “Eu me comprometo a fazer o JB prometer”, escreveu.
Moro, então, rebateu com a frase que se tornou célebre: “Prezada, não estou à venda“.
As mensagens foram exibidas no Jornal Nacional. Zambelli classificou o vazamento da conversa como algo “extremamente maligno” e disse que ficou “magoada” com o episódio –Moro foi padrinho do casamento dela, que ocorreu em fevereiro.
A deputada também foi alvo em maio do inquérito das fake news conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes. Ela, porém, não recebeu a visita de policiais federais.
Além disso, Moraes quebrou os sigilos bancário e fiscal da deputada, a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, em outro inquérito: sobre a organização e financiamento de atos antidemocráticos.
Em um vídeo postado nas redes sociais, Zambelli criticou a decisão do ministro do STF e chorou ao falar da quebra de sigilo.
“Você faz tudo certinho e por causa de um cara que não vai com a tua cara… E por que ele não vai com a tua cara? Porque você está chamando atenção demais, porque você fala demais.”
No dia 25 de maio, Zambelli protagonizou outra polêmica. Em entrevista à Rádio Gaúcha, ela sugeriu ter conhecimento de operações que a Polícia Federal realizariam contra governadores:
“A gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar, talvez, de ‘Covidão’ ou de não sei qual vai ser o nome que eles vão dar. Mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal”.
No dia seguinte, a PF deflagrou a operação Placebo, que atingiu o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, desafeto de Bolsonaro.
No meio político, o episódio levantou a suspeita de que a ação teria sido antecipada a parlamentares bolsonaristas.
Enquanto a operação era realizada no Rio, Zambelli estava no Palácio da Alvorada com Bolsonaro. Ao deixar a sua residência oficial, o presidente da República comemorou a ação: “Parabéns à Polícia Federal”.
Em setembro, a deputada foi intimada pela PF para depor no inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos.
Em seu depoimento, que durou cerca de 4 horas, ela afirmou que foi questionada sobre sua movimentação bancária e que “tudo foi explicado em detalhes, tudo certo“.
Para agradar a seus novos aliados do Centrão, Bolsonaro trocou Zambelli e outros sete vice-líderes do governo na Câmara dos Deputados. Dispensada, a deputada afirmou mais tarde que os parlamentares bolsonaristas “continuam sendo soldados do presidente”.
Soldadinhos de chumbo, sem vontade própria.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)