A capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, enfrenta uma das maiores cheias de sua história, após fortes chuvas que atingem a região. O cenário alarmante levou a prefeitura a decretar, na última quinta-feira (2), estado de calamidade pública. O desastre natural não somente ameaça a infraestrutura local mas já resultou em consequências devastadoras, incluindo a perda de vidas.

Impactos Imediatos das Chuvas

Com a intensidade sem precedentes, as chuvas já deixaram um saldo trágico de 29 mortos e 60 desaparecidos, impactando diretamente a vida de milhares de cidadãos. A magnitude do desastre compeliu a administração municipal a uma resposta rápida, autorizando o uso de todos os recursos disponíveis para assistência imediata à população afetada e esforços de recuperação da normalidade nos serviços essenciais.

O Aumento Crítico do Nível do Guaíba

O histórico Rio Guaíba, que corta a cidade, está no centro das atenções devido ao seu crescente e preocupante nível de água. Com uma altura já registrada em 4,20 metros, espera-se que o rio atinja uma marca histórica de 5 metros, superando a cheia de 1941. Esta situação coloca em risco as regiões mais baixas da cidade e áreas ao redor, como Barra do Ribeiro e Guaíba.

Como Esta Cheia se Compara com as Anteriores?

Comparativamente, nos últimos anos, o nível mais elevado foi em setembro e novembro do ano passado, alcançando 3,18 e 3,46 metros, respectivamente. A última vez que o Guaíba transbordou no Cais Central antes disso foi em 1967, com uma marca de 3,11 metros, algo que só foi replicado ou superado em recentes meses de tempestades incessantes.

Como a População e Serviços Estão Sendo Afetados?

As condições adversas levaram ao fechamento de escolas e afetaram severamente 31 serviços de saúde, demandando uma operação complexa de contingência. Abrigos temporários foram instalados, acolhendo centenas de deslocados. Enquanto isso, as equipes municipais do Samu, com apoio da Polícia Rodoviária Federal, executam resgates aeromédicos críticos, buscando salvar vidas em meio ao caos instaurado.

Quais áreas serão mais afetadas?

A elevação atual promete causar uma inundação catastrófica nas ilhas e regiões sem proteção de diques em Porto Alegre, com a água podendo alcançar até dois metros de altura em diversos pontos. Distritos como Ipanema e Novo Hamburgo estão na zona de risco crítico, sem falar no Lami, mais ao sul, onde as projeções são ainda mais gravosas.

Medidas de Precaução e Alertas

O prefeito Sebastião Melo apela para que os moradores das zonas mais vulneráveis, especialmente o Centro Histórico e o 4º Distrito, evitem deslocamentos desnecessários. Mesmo após o fechamento das comportas do Cais Mauá, o risco de alagamentos ainda é iminente, dada a previsão de continuidade das chuvas. A Defesa Civil mantém a população alerta e monitora intensamente a situação, pronta para intervir conforme necessário.

Medidas de Contenção São Suficientes?

A cidade conta com um robusto sistema de contenção, como o Muro da Mauá e diversos diques, que, se operarem perfeitamente, prevenirão a invasão das águas no tecido urbano. Contudo, o refluxo nas redes pluviais, um problema frequente em grandes enchentes, pode causar alagamentos em áreas próximas, incluindo o Quarto Distrito e as imediações do Tribunal de Justiça na Praia de Belas.

Previsões apontam que, com a chegada da maior vazão dos rios Jacuí e Taquari, e a provável ocorrência de ventos sul fortes – que represariam as águas nas partes norte da Lagoa dos Patos – a situação pode se agravar ainda mais até o próximo sábado.