Brasil tem 1.680 celulares roubados por hora, estima pesquisa
Quase um em cada dez brasileiros teve o celular roubado ou furtado no período de 12 meses, entre julho de 2023 e junho de 2024
Um estudo conduzido pelo Datafolha, a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do jornal Folha de S.Paulo, revelou que quase 10% da população brasileira foi vítima de roubo ou furto de celular entre julho de 2023 e junho de 2024. A pesquisa, que entrevistou 2.508 pessoas com mais de 16 anos em diversas regiões do país, destaca a gravidade dessa modalidade de crime, que se tornou cada vez mais comum nas áreas urbanas, especialmente nas grandes capitais.
De acordo com os dados obtidos, 9,2% dos entrevistados afirmaram ter tido seu celular roubado ou furtado durante o período de um ano.
A pesquisa foi realizada entre os dias 11 e 17 de junho de 2024, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Esses resultados serão divulgados oficialmente durante o 18º Encontro Nacional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que ocorrerá em Recife na próxima quarta-feira, 14.
Roubos e furtos de celulares
A análise dos dados da pesquisa revela que os moradores das capitais estão mais expostos a esses crimes. Cerca de 15% dos residentes dessas áreas relataram ter sido vítimas de roubo ou furto de celular nos últimos 12 meses.
Esse número é significativamente maior em comparação com as cidades do interior, onde 6% dos entrevistados afirmaram ter passado pela mesma situação. Em cidades com mais de 500 mil habitantes, mesmo que não sejam capitais, a taxa foi de 14%.
Com base nos resultados, o Datafolha estima que aproximadamente 14,7 milhões de brasileiros tiveram seus celulares roubados ou furtados durante o período avaliado. Esse dado equivale a 1.680 celulares sendo levados por ladrões a cada hora no país, uma cifra que supera em mais de 14 vezes os registros oficiais de ocorrências de roubo e furto de celular, que totalizaram 937 mil casos no último ano, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Taxa de subnotificação
A pesquisa também evidenciou uma alta taxa de subnotificação desses crimes. Apenas 55% das vítimas disseram ter registrado a ocorrência junto às autoridades. Isso sugere que 45% dos casos de roubo e furto de celular não são formalmente comunicados, o que contribui para a diferença significativa entre os dados coletados pela pesquisa e os números oficiais.
Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, acredita que a subnotificação pode ser ainda maior do que a apontada pela pesquisa.
“É comum que as pessoas pensem que registraram a ocorrência ao ligar para o 190 ou ao informar um policial na rua, mas essas ações não são formalizadas como boletins de ocorrência“, explicou Lima.
Ele também menciona a possibilidade de “efeito telescópio”, em que os entrevistados podem incluir incidentes que ocorreram fora do período de referência de 12 meses, distorcendo os dados.
R$ 22,7 bilhões em prejuízos para os brasileiros
Os danos financeiros causados por esses crimes são alarmantes. A pesquisa do Datafolha projeta que o prejuízo total decorrente de roubos e furtos de celular no Brasil chegou a R$ 22,7 bilhões no período analisado.
Este montante é superado apenas pelos golpes envolvendo Pix e boletos falsos, que causaram um prejuízo de R$ 25,4 bilhões no mesmo intervalo.
Outro dado preocupante é que mais da metade dos entrevistados (53%) admitiu ter mudado seus hábitos, evitando circular em determinadas áreas ou horários por medo de ser vítima desse tipo de crime.
Apesar desse temor, a maioria dos brasileiros ainda não conta com proteção financeira contra o roubo ou furto de celulares, com apenas 21% dos entrevistados declarando possuir seguro para seus smartphones.
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