Brasil não deve passar EUA em nº de mortes por Covid-19, diz pesquisador
O Brasil não deve ultrapassar os Estados Unidos em número total de mortes por Covid-19. A avaliação é do pesquisador Ali Mokdad, chefe de Estratégias em Saúde Populacional do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME) da Universidade de Washington...
O Brasil não deve ultrapassar os Estados Unidos em número total de mortes por Covid-19. A avaliação é do pesquisador Ali Mokdad, chefe de Estratégias em Saúde Populacional do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME) da Universidade de Washington.
Desde o começo da pandemia, o IHME publica projeções de mortes para vários países. Muitas de suas previsões para o Brasil ficaram muito próximas do real.
As projeções divulgadas normalmente são apenas de alguns meses no futuro. Nesta sexta (12), as projeções no site do instituto iam até 1º de julho de 2021.
Nesta sexta (12), o CDC registrava 529 301 mortes nos EUA. O Ministério da Saúde registrava 275 105 mortes no Brasil. Mas os EUA estão em queda de mortes por dia, com 1 522 mortes na última quinta (11), contra mais de 2 200 mortes por dia no Brasil.
Os dados do IHME projetavam nesta sexta (12) que o Brasil vai chegar a 383 mil mortes até 1º de julho. Na mesma data, os EUA devem somar 598 mil mortes.
Em entrevista a O Antagonista, Mokdad disse que o IHME considera a divulgação, em breve, de projeções que vão até o fim do ano. “Agora o que estamos vendo no mundo inteiro é que no Hemisfério Norte esperamos que os casos comecem a cair simplesmente por causa da sazonalidade e da distribuição da vacina nos países ricos. No Hemisfério Sul, infelizmente, esperamos que os casos vão subir no inverno de vocês, por causa da sazonalidade da Covid-19”.
“Entretanto”, acrescentou Mokdad, “quando você compara os Estados Unidos ao Brasil, o fato de que vocês vão receber a vacina antes da temporada [de inverno] vai ajudar vocês mais do que a gente, porque a gente recebeu a vacina depois da nossa temporada”.
A sazonalidade afeta o vírus, diz o professor, tanto pelo calor quanto pelo comportamento das pessoas. No verão as pessoas tendem a preferir espaços abertos e abrem mais as janelas, por exemplo. Ao mesmo tempo, o calor torna mais fácil o rompimento do vírus.
Para Mokdad, a explicação para a disseminação do vírus em cidades quentes, como Manaus, está na falta de prevenção das pessoas. Além disso, o surgimento da variante P1 agravou a situação, inclusive reinfectando quem já tinha adquirido Covid-19.
“O que é bom sobre o Brasil agora”, disse Mokdad, “[é que] em nossa estimativa, vocês chegaram ao pico de casos e vão começar a cair. Mesmo com a nova [variante] P1 (…) Os casos vão começar a cair. A mortalidade, claro, vai demorar um pouco mais (…) Esperamos que até o fim do mês a mortalidade vai chegar ao pico e vai começar a cair”.
Mokdad confia na queda no número de casos e mortes por causa da reação dos brasileiros. Quando a pandemia se agrava, mais gente fica em casa e usa máscaras.
“Os brasileiros estão fazendo o necessário para controlar o vírus. Quando eles veem ele subindo, eles vão fazer o necessário para controlar o vírus, e você vê ele baixando. Quando ele começa a descer, infelizmente, eles relaxam de forma prematura, antes de terem controlado a circulação do vírus e a trazido a um nível muito baixo para evitar uma próxima onda e esperar as vacinas”.
Embora não tenha usado o termo, ele descreve uma espécie de ‘efeito sanfona’ no Brasil: “Os casos sobem, o comportamento melhora, os casos descem, o comportamento…”.
Em maio de 2020, como mostramos, o IHME previa 88 mil mortes no Brasil até 4 de agosto. Em 4 de agosto, o país já acumulava 96 mil mortes.
O IHME integra a Universidade de Washington, em Seattle.
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