Boulos vai salvar mais um no Conselho de Ética?
Glauber Braga apresentou sua última defesa por ter agredido um militante do MBL, mas o colega de PSOL, que já salvou Janones, disse que o julgamento é sobre outra coisa
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) expulsou aos empurrões da Câmara dos Deputados em 16 de abril um militante do Movimento Brasil Libre (MBL). Do lado de fora do prédio, ele deu um chute em Gabriel Costenaro. Tudo foi filmado por diversos telefones.
Por esses atos, Glauber responde a um processo que pode valer a cassação de seu mandato no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Mas, para o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP, foto), o caso de trata de outro assunto.
“O que está em jogo é se este Conselho vai legitimar uma prática de banditismo político, uma prática utilizada sistematicamente pelo MBL para constranger pessoas que não pensam como eles”, disse Boulos em defesa do colega em sessão do Conselho que ouviu o último depoimento de defesa de Glauber e de testemunhas apontadas por ele.
“Mais esquentado”
Boulos disse que é mais moderado do que Glauber na política, mas “mais esquentado no comportamento”, e sugeriu que faria o mesmo que Glauber caso provocado por militantes do MBL.
Candidato derrotado na disputa pela Prefeitura de São Paulo, Boulos lembrou ao deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que relata o caso de Glauber, que ele próprio relatou um caso no Conselho neste ano, e disse que entender as “pressões” a que o deputado baiano está submetido.
Boulos não apenas relatou o caso em que André Janones (Avante-MG) era suspeito de praticar rachadinha em seu gabinete, como deu um parecer contrário à condenação, com o argumento torto de que o possível crime teria sido cometido antes do início do mandato.
Apesar de manter o mandato com a ajuda de Boulos, Janones acabou indiciado pela Polícia Federal.
Defesa
Em seu último depoimento, Glauber se defendeu não apenas do caso de agressão contra o militante do MBL, apostando que as alegações de que foi provocado sete vezes antes de reagir serão o bastante para inocentá-lo, mas de outros casos, como aquele em que chamou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de “ditador”.
O deputado do PSOL, que foi detido pela polícia em setembro por atrapalhar reintegração de posse na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), tentou configurar que está sendo perseguido por Lira.
“Essa história e esse processo já foi longe demais. Já passou muito além do que deveria ter ido”, reclamou, pedindo a apresentação do parecer do relator para a próxima semana.
“Sei que faço uma disputa política que, em determinados momentos, pode ser considerada dura. Mas não faço uma disputa política de caráter pessoal”, defendeu-se.
Só no ano que vem
Apesar da pressa de Glauber para finalizar o caso, o relator disse que vai usar todo o tempo que tem direito.
“No vídeo eu não vi nada que pudesse mudar o meu pensamento”, comentou Magalhães, sobre a edição que Glauber apresentou para configurar que foi provocado várias vezes antes de agredir o militante do MBL.
“Eu não tenho procuração para defender o presidente Arthur Lira e ele, se quiser, que se defenda na Justiça se assim achar necessário. Quanto ao relatório final, eu serei fidedigno ao que vi, o que ouvi e ao depoimento de algumas testemunhas, mas vou usar todo tempo que me é dado direito”, finalizou.
“Pedra de gelo”
Glauber reclamou que passará todo o recesso parlamentar sendo provocado por conta do processo no Conselho de Ética, já que o desfecho de seu caso deverá ocorrer apenas em 2025.
“Aí, então, eu preciso ser uma pedra de gelo, preciso não reagir em hipótese nenhuma às provocações que vão continuar acontecendo”, completou.
Na verdade, bastaria não chutar ninguém.
Leia mais: Glauber renuncia a comissão e abre mão de testemunhas em processo
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)