Boulos salva Janones de acusação de rachadinha no Conselho de Ética
Parecer do pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo arquivamento da acusação contra o aliado foi apoiado por 12 deputados e rejeitado por apenas cinco, em uma sessão muito tumultuada
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara decidiu arquivar a acusação de rachadinha contra o deputado André Janones (Avante-MG, foto) nesta quarta-feira, 5. O parecer do relator Guilherme Boulos (PSOL-SP), que votou pelo arquivamento do caso sob a alegação de que o aliado foi gravado sugerindo o esquema a funcionários quando ainda não estava em vigor seu atual mandato, foi apoiado por 12 deputados — apenas cinco votaram contra.
Boulos reapresentou sua argumentação nesta quarta, para dizer que não chegou a tratar do mérito da acusação apresentada contra Janones — baseada em gravações nas quais o próprio deputado sugere rachadinha a funcionários —, mas apenas da alegação de que seu aliado tinha sugerido o esquema fora do atual mandato, e, portanto, não poderia perder a cadeira conquistada nas eleições de 2022.
A sessão que livrou Janones de um processo que poderia cassar seu mandato foi tumultuada, com troca de provocações entre governistas e a oposição. O coach Pablo Marçal, que se uniu recentemente ao grupo de aspirantes à Prefeitura de São Paulo, compareceu à sessão, e virou alvo de Boulos.
“Coach picareta”
O socialista chamou Marçal de “coach picareta” e provocou: “Espero muito que não venda sua candidatura para o prefeito Ricardo Nunes. Vá até o fim, que eu quero te enfrentar nos debates”. Marçal frequenta o Congresso Nacional desde ontem, para costurar apoios.
Já Boulos e Janones foram confrontados pela oposição com a ironia de que são dois dos parlamentares que mais apontaram os dedos contra a família Bolsonaro quando as acusações de rachadinha eram contra o senador Flávio (PL-RJ) e o vereador Carlos (PL-RJ).
Janones se livrou de perder o mandato na Câmara, mas o inquérito que investiga o esquema de rachadinha segue aberto. Em fevereiro, a Procuradoria Geral da República (PGR) concordou com a quebra dos sigilos bancário e fiscal do deputado federal.
A rachadinha
As suspeitas contra o parlamentar vieram à tona após a revelação de gravações em que Janones defendia a assessores o pagamento de suas despesas de campanha com rachadinha. Na conversa, gravada em fevereiro de 2019, o deputado mineiro disse que iria conversar com algumas pessoas para “ajudar a pagar as contas” de sua campanha à prefeitura de Ituiutaba, em 2016.
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