Boulos começa a achar que houve fraude na eleição de Maduro
Boulus disse, em entrevista, que, anteriormente, Maduro foi reconhecido presidente pelos governos dos Estados Unidos e do Brasil, mas que agora “é outra história” porque "há indícios fortes de fraude na eleição da Venezuela”
Ao ser questionado sobre seu apoio ao regime de Nicolás Maduro, Guiherme Boulous (PSOL), deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo, disse, em entrevista à CNN Brasil na terça-feira, 20 de agosto, que anteriormente Maduro foi reconhecido presidente pelos governos dos Estados Unidos e do Brasil, mas que agora “é outra história” porque “há indícios fortes de fraude na eleição da Venezuela.”
Ele disse ainda: “Se permanecer um presidente que foi eleito numa eleição sem transparência, ele não é legítimo. Como não seria legítimo no Brasil o Bolsonaro tentar dar um golpe e virar a mesa da eleição como ele tentou”.
Boulos se recusou a comentar a nota da direção do PT, divulgada em julho, que parabenizou Maduro como “presidente eleito”.
Pressão dos adversários
O apoio de longa data de Boulos ao regime chavista da Venezuela é tema constante das críticas de seus adversários. “Você devia ser prefeito de Caracas”, disse José Luiz Datena (PSDB) ao deputado durante o debate na TV Bandeirantes, no dia 8.
No mesmo evento, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que Boulos precisava “explicar quem é Maduro.”
A posição adotada agora de questionar a legitimidade da eleição de Maduro é nada mais que uma estratégia eleitoral, tendo em vista os danos à imagem que a insistência em defender o ditador venezuelano acarreta, tendo por consequência perda de votos.
Em 2017, quando tinha como principal atividade a coordenação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Boulos defendeu a Assembleia Constituinte convocada por Maduro em 2017, vista então como uma forma do ditador de contornar a maioria oposicionista na Câmara dos Deputados.
Ele também disse que, diferente do então presidente Michel Temer, o venezuelano havia sido eleito pelo voto popular, referindo-se às eleições de 2013 no país vizinho:
“Temer falou em ´ruptura democrática´ na Venezuela. Logo ele, que chegou ao poder pelas vias ´democráticas´ de Eduardo Cunha”, escreveu Boulos em seu twitter, em julho de 2017.
“Aí não vai ter mais democracia”
Já como pré-candidato, Boulos afirmou, em entrevista esse ano, que “se ficar comprovado que [na Venezuela] houve fraude nas eleições, se isso de fato se comprovar, e o governo que exercitou fraude permanecer no governo, aí você não vai ter mais lá uma democracia, definitivamente.”
Ou seja, se “não vai ter mais” é porque, até então, na sua concepção, havia. Para Boulos, até ontem a Venezuela era uma democracia e talvez agora, quem sabe, esteja deixando de ser.
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