Bolsonaro teve 6 encontros com suposto informante da Receita
No áudio da reunião de articulação para proteger Flávio, o então presidente se ofereceu para conversar com as autoridades da Receita Federal
Um coronel da reserva do Exército, que se reuniu ao menos seis vezes em encontros privados com Jair Bolsonaro (foto), em 2019, nos palácios do Planalto e da Alvorada, é apontado como o informante citado pelo ex-presidente na reunião sobre o caso das rachadinhas envolvendo Flávio Bolsonaro, segundo relatos feitos à Folha de pessoas que acompanharam de perto esses eventos.
No áudio da reunião de articulação para proteger o senador Flávio Bolsonaro de denúncias sobre rachadinha, o agora ex-presidente Jair Bolsonaro se ofereceu para conversar com as autoridades da Receita Federal e da Previdência responsáveis pelas investigações sobre o filho 01.
O áudio, descoberto por policiais federais, teve seu sigilo levantado na segunda-feira, 15 de julho, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A reunião ocorreu em 25 de agosto de 2020. Naquele dia, o então presidente da República afirmou que quem passava as informações para ele era “um coronel do Exército”.
“Bolsonaro menciona ter esquecido o nome, momento em que Augusto Heleno diz saber quem é a pessoa, mas também demonstra certa hesitação em lembrar. Então, fala ‘Magela’, o que é repetido por Bolsonaro”, afirma a Folha.
Pessoas que acompanharam o caso de perto disseram ao jornal que a referência, na verdade, é a “Marsiglia”, sobrenome do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Pereira Leonel Marsiglia.
A agenda pública de Jair Bolsonaro na Presidência revela que, no primeiro semestre de 2019, ele recebeu o coronel Marsiglia em seis ocasiões, cinco delas a sós, nos palácios do Planalto e da Alvorada. Esses encontros ocorreram mais de um ano antes da reunião de 2020 gravada em áudio.
Marsiglia é irmão de um auditor da Receita do Rio de Janeiro que, junto com outros colegas, estava em litígio com o órgão. O caso desse auditor estava sendo utilizado pela defesa de Flávio Bolsonaro para tentar sustentar a tese de acesso ilegal do Fisco aos dados.
Áudio foi gravado por Ramagem
Segundo a PF, a gravação foi feita pelo hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Participaram da reunião, além de Bolsonaro e Ramagem, o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e as advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, representantes de Flávio.
Na visão do ex-presidente, o gesto foi uma traição, já que Ramagem era do chamado “núcleo duro” presidencial. Ele frequentava a residência de Bolsonaro e constantemente participava das peladas de futebol organizadas pelos filhos Flávio e Eduardo.
O Antagonista apurou que o senador Flávio Bolsonaro tem relativizado o ‘grampo’ do aliado político. Ele tem dito que o fato já era de conhecimento da família – isso antes das bênçãos de Jair Bolsonaro à pré-candidatura de Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro.
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