Fernando Henrique Cardoso foi ao Twitter, para comentar uma notícia veiculada pela jornalista Vera Magalhães, do Estadão, sobre o suposto envio, por parte de Jair Bolsonaro, de um vídeo de convocação para a manifestação programada para o dia 15 de março, a favor do governo e contra o Congresso Nacional — um “foda-se” coletivo dirigido aos “chantagistas” do parlamento, para usar as expressões utilizadas pelo General Heleno em fala captada durante uma cerimônia no Planalto, na semana passada. O chefe do GSI demonstrou revolta com a possibilidade de parlamentares derrubarem o veto presidencial à apropriação de 30 bilhões de reais do Orçamento pelo Legislativo.

“A ser verdade, como parece, que o próprio PR tuitou (sic) convocando uma manifestação contra o Congresso (a democracia), estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas”, escreveu FHC. “Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto se tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo.”

Segundo o noticiado, Bolsonaro teria compartilhado a peça convocatória pelo WhatsApp. O vídeo, de 1minuto e 40 segundos, não menciona expressamente o Congresso. Casado com imagens do presidente sendo esfaqueado e no hospital, um texto diz que ele está “enfrentando a esquerda corrupta e sanguinária por nós” e “precisa de nosso apoio nas ruas”.

“Vamos mostrar que apoiamos Bolsonaro e rejeitamos os inimigos do Brasil”, diz outro trecho.

Bolsonaro precisa dizer se compartilhou o vídeo ou não. Podem querer acusá-lo de crime de responsabilidade, por atentar contra o livre exercício do Legislativo.

Atualização: o ex-deputado federal Alberto Fraga, amigo de Bolsonaro, confirmou à Folha ter recebido o vídeo de Bolsonaro: “Eu recebi um vídeo, ele [presidente] me encaminhou. Mas não foi ele que fez o vídeo. Confesso que não entendi assim [como um incentivo]. Ele nunca fez esse tipo de pedido. Quem está fazendo isso são os bolsonarianos pelas redes sociais. Para mim, mesmo, ele não falou absolutamente nada.”